
A Prefeitura de Itaguatins anunciou nesta semana a instalação de um purificador coletivo de água, equipamento inédito no Tocantins, com capacidade de atender até 2.500 pessoas em funcionamento contínuo. A iniciativa, viabilizada pelo prefeito Vitor da Reis, foi apresentada como uma solução inovadora, de baixo custo e ecológica para garantir o acesso à água potável à população. O modelo é semelhante ao utilizado em alguns municípios do Sul do país e marca o início do uso de tecnologias alternativas no abastecimento local.
Apesar do discurso oficial de modernização e dignidade, a medida evidencia um problema estrutural ainda não resolvido: a fragilidade do sistema de abastecimento de água no município. Ao optar por um purificador de uso coletivo, a gestão municipal reconhece, na prática, que o fornecimento regular de água de qualidade não é plenamente garantido pela rede existente — que enfrenta recorrentes queixas de moradores e episódios de falhas no abastecimento. A solução, embora útil em caráter emergencial ou complementar, não substitui a necessidade de investimentos robustos em infraestrutura hídrica.
A adoção de alternativas como essa pode até contribuir temporariamente para mitigar os efeitos da má qualidade da água distribuída, mas levanta questionamentos sobre a prioridade dada à resolução das causas do problema. A falta de transparência quanto às ações estruturantes planejadas pela Prefeitura junto a empresa Hidro Forte, operadora do sistema — como a modernização do sistema de captação, distribuição e tratamento — reforça a impressão de que o município opta por ações de apelo imediato em vez de políticas públicas consistentes.
Para que a população de Itaguatins tenha acesso duradouro a água de qualidade, é preciso ir além de soluções simbólicas. Medidas como a instalação de purificadores devem vir acompanhadas de um plano estruturado, com metas claras, fiscalização da concessionária e investimentos permanentes.