Maria Dinalva, sua família e Olinda Nogueira, coordenadora da açãoO Comitê do Sub-registro do Tocantins encontrou várias pessoas adultas na região de Araguatins, sem a Certidão de Nascimento. Um dos casos curiosos foi o da senhora Maria Dinalva Ribeiro da Cruz, pois o marido a deixou com cinco filhos, nenhum deles registrados em cartório. Maria Dinalva morava no estado do Pará na cidade de Marabá e mudou-se há três anos para Araguatins. Até este ano, ela vinha conseguindo matricular os filhos na escola, mas em Araguatins, as escolas exigiram dela a Certidão de Nascimento dos filhos. Propiciar o acesso à documentação básica à população sem documentos é uma das missões dos mutirões do Comitê do Sub-registro, que estão sendo realizados no Tocantins.
O Comitê do Sub-registro está realizando mutirões da Certidão de Nascimentos nos municípios pólos. O mutirão em Araguatins foi realizado nos dias 22 e 23 de janeiro.
Os sem documentos
O filho mais velho de Maria Dinalva, Paulo Sérgio Ribeiro da Silva, tem 17 anos, em seguida vem Rosinalva de 16 anos, que também é mãe de um filho de pouco mais de 1 ano, Deusinalva de 15, Raieli de 14 e Raiane de 13 anos.
O trabalhador rural Domingos Melo dos Santos, 43 anos, nasceu na área rural e sempre trabalhou na roça. Assim que atingiu a adolescência, Domingos saiu de casa sem documentos pois, pela falta de interesse do pai não foi registrado quando criança. Nunca freqüentou escola, e agora sentiu a necessidade de tirar todos os seus documentos.
Outro caso registrado no atendimento do mutirão do sub-registro em Araguatins foi o de José Calixto Pereira Ribeiro, 23 anos, que trabalha em fazenda e chegou a freqüentar a Escola Municipal Presidente Kennedy. Não conheceu os pais, foi criado pelas avós, a paterna até os 15 anos e a partir daí, pela avó materna até sua morte. Ele tirou sua Certidão de Nascimento e aproveitou para solicitar também a Carteira de Identidade, o CPF e a Carteira de trabalho.
Euzilene Moreira de Araújo, doméstica também aproveitou a ação do Sub-registro para retirar sua Certidão de Nascimento. Aos 22 anos, ela ainda não tinha documentos. Seus quatro irmãos só se registraram após a idade adulta pois os pais não se preocuparam em registrá-los. Ela já tem um filho de 1 ano e 4 meses, quer registrá-lo e acha importante ter sua cidadania legal. (Roberto Oliveira – Foto: Leide Curcino)