
As investigações da Polícia Federal apontam que Maria “Bispa” Socorro Guimarães teve papel decisivo no suposto esquema de corrupção que teria desviado cerca de R$ 73 milhões dos cofres públicos do Tocantins entre 2020 e 2021, período em que Wanderlei Barbosa (Republicanos) era vice-governador. A denúncia foi revelada pelo programa Fantástico, da TV Globo, que detalhou a atuação da religiosa como uma das principais articuladoras da captação de empresarios que tinham dinheiro a receber do estado.
De acordo com a Polícia Federal, a Bispa Socorro era responsável por negociar o pagamento de propinas junto a empresários interessados em antecipar valores devidos pelo Estado. Ela atuava como intermediária entre o núcleo político, liderado por Wanderlei e pela primeira-dama Karynne Sotero, e os operadores do esquema, entre eles o empresário Paulo César “PC” Lustosa e seu irmão, Wilton Rosa Pires. Segundo os investigadores, as propinas eram cobradas para liberar pagamentos atrasados e cobravam porcentagem de 20% para agilizar os recebimentos.
Interceptações telefônicas e mensagens obtidas pela PF indicam que a Bispa coordenava parte da movimentação financeira e orientava os empresários sobre como proceder para garantir o recebimento dos valores.
Durante as operações de busca realizadas em setembro, a Polícia Federal apreendeu R$ 52 mil na residência de Wanderlei Barbosa e aproximadamente R$ 700 mil com outros investigados. A Bispa Socorro, por sua vez, não se manifestou sobre o caso, apesar das tentativas de contato da produção do Fantástico. A decisão que afastou o governador por seis meses, assinada pelo ministro Mauro Campbell, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), cita nominalmente a Bispa como figura essencial para a sustentação financeira do grupo. A investigação segue em andamento e deve aprofundar o papel de intermediários como ela na estrutura do esquema que abalou o cenário político tocantinense.




