A jovem Maria Luiza Cardoso Silva Barros, 18 anos, do quilombo Ilha de São Vicente, em Araguatins, foi destaque no TO com a nota da redação do ENEM.
Ela alcançou a pontuação 960 ao escrever sobre “Desafios para o enfrentamento da invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pela mulher no Brasil”.
A jovem, neta de um dos patriarcas da comunidade, disse seu desejo é ver mais quilombolas alcançando boas notas e entrando nos cursos desejados.
Ao comentar a boa nota ela lembrou de Fátima Barros, liderança ancestralizada que incentivou toda uma geração a valorizar a educação.
“Lembro de uma conversa que tive com minha Tia Fátima antes dela falecer. Falei que faria o meu máximo para revolucionar esta nova geração do nosso quilombo em relação à educação e tentar ser destaque sempre que possível. Sou muito grata pela oportunidade que tive de ter acesso a uma boa educação. A trajetória não é fácil. Mas com estudo e esforços, fui de 540 para 960 na redação”, disse a jovem.
Sobre o tema da redação, ela contou que uma possibilidade era relacioná-lo com o contexto contemporâneo dos quilombos.
“Vivemos em um país rico em diversidade cultural, onde as comunidades quilombolas desempenham um papel vital na preservação de tradições e na construção de identidades. No entanto, um desafio persistente enfrentado por essas comunidades é a invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pelas mulheres. As mulheres quilombolas enfrentam desafios únicos, como barreiras geográficas, acesso limitado a recursos e serviços de saúde, além de estigmas e discriminação. Essas adversidades contribuem para a invisibilidade do trabalho valioso que desempenham. Reconhecer a invisibilidade do trabalho de cuidado das mulheres quilombolas é um passo crucial para promover a equidade de gênero”, afirmou a jovem.
Maria Luiza agora pensa em qual carreira seguir. Antes mesmo de terminar o Ensino Médio ela tinha sido aprovada para o curso de Direito na Universidade Estadual do Tocantins (UNITINS), mas não iniciou a graduação por estar em dúvida sobre a área.
“Atualmente penso em medicina. Espero que muitas aprovações, tanto as minhas quanto dos jovens do meu quilombo, possam vir”.