
Uma vistoria realizada pelo Tribunal de Contas do Estado do Tocantins (TCE-TO) na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Tocantinópolis, no Bico do Papagaio, identificou um cenário preocupante: ao todo, 21 irregularidades foram apontadas, revelando falhas estruturais, administrativas e sanitárias. A ação, parte do projeto “TCE de Olho”, foi conduzida pela Coordenadoria de Auditorias Especiais (COAES) nos dias 24 e 25 de abril, com base em observações diretas, análise documental e escuta da população local.
Entre os problemas mais críticos constatados estão medicamentos mal armazenados, descarte inadequado de insumos vencidos, ausência de protocolos clínicos para prescrição e exames, além da inexistência de controle de frequência dos profissionais. A situação se agrava com a falta de escala médica visível para os usuários, o que compromete a transparência e o atendimento na unidade de saúde, especialmente em um serviço voltado a atendimentos de urgência e emergência.

A vistoria também encontrou ambulâncias em condições precárias, com pneus desgastados, sinalização deficiente e sem climatização — fatores que comprometem diretamente o transporte seguro de pacientes. A estrutura predial da UPA também apresenta necessidade de reparos, enquanto equipamentos seguem sem manutenção adequada. A ausência de controle efetivo sobre o estoque da farmácia e a falta de informação clara ao público são outros pontos que indicam falhas de gestão.
Diante das constatações, o TCE-TO notificou o prefeito Fabion Gomes de Sousa e a gestora do Fundo Municipal de Saúde, Maria da Conceição Marinho de Farias Rego, para que apresentem um plano de ação detalhado em até 15 dias úteis. O caso expõe fragilidades recorrentes na condução da saúde pública no município e levanta questionamentos: por que a gestão municipal permitiu que a situação chegasse a esse ponto? Quais medidas preventivas foram negligenciadas? E, sobretudo, como garantir que os problemas apontados serão de fato corrigidos e não apenas respondidos com promessas administrativas? A população de Tocantinópolis, que depende do serviço, aguarda respostas e mudanças concretas.