
Mesmo após vistoria do Tribunal de Contas do Estado do Tocantins (TCE/TO) revelar uma série de irregularidades na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Tocantinópolis, o prefeito Fabion Gomes ainda não apresentou o plano de ação exigido para sanar os problemas. O documento deveria conter medidas corretivas, responsáveis e prazos de execução, conforme determinado pelo órgão fiscalizador em despacho emitido no dia 21 de maio deste ano.
Durante fiscalização realizada entre os dias 24 e 26 de abril, técnicos do TCE identificaram 21 falhas estruturais e operacionais que comprometem o funcionamento da unidade, incluindo ausência de controle de frequência médica, precariedade no armazenamento de medicamentos, falta de protocolos clínicos e ambulâncias em condições irregulares. Também foram apontados problemas de infraestrutura, como infiltrações e ausência de manutenção predial.
Apesar das constatações, que também incluem críticas da população ouvida durante a inspeção, o Executivo Municipal permanece inerte quanto ao envio do plano de ação, ignorando o prazo de 15 dias úteis estabelecido pelo Tribunal para a apresentação das soluções. A omissão levanta questionamentos sobre a prioridade dada à saúde pública no município, especialmente diante do impacto direto dessas falhas na qualidade do atendimento à população.
O TCE já indicou que, vencido o prazo e não havendo manifestação ou cumprimento das recomendações, o caso pode ser encaminhado para medidas mais rigorosas. A reincidência em impropriedades pode resultar na responsabilização dos gestores e sanções administrativas. Enquanto isso, a população de Tocantinópolis segue exposta a um sistema de saúde fragilizado, sem garantias mínimas de eficiência, segurança e transparência.
Mais de R$ 2 milhões com festas:
Se por um lado, Fabion não tem se mostrado preocupado em resolver problemas da Saúde, o gestor tem investido bastante em festas e show. Entre os meses de junho e julho, a Prefeitura de Tocantinópolis autorizou a contratação de 19 shows musicais ao custo total de R$ 2.083.000,00. Os eventos fazem parte da programação da XX EXPOTOC, temporada de praias e comemoração dos 167 anos do município. As contratações foram realizadas por inexigibilidade de licitação, amparadas pela alegação de “notória especialização” dos artistas, o que dispensa concorrência pública — fator que tem gerado questionamentos sobre a razoabilidade dos gastos e a transparência do processo.
O cachê mais elevado, de R$ 620 mil, foi pago à dupla Hugo & Guilherme, atração principal do aniversário da cidade, marcado para 27 de julho. Também chamam atenção os valores pagos a Flaguim Moral e Moleca 100 Vergonha, ambos com cachês de R$ 250 mil. A lista inclui ainda nomes como Ricardo & Thiago, Suellen Lima e DJ Lelis. Embora parte dos recursos venha de convênios estaduais, a decisão de priorizar investimentos em grandes festas levanta dúvidas diante das recorrentes carências no setor público local, como filas na saúde, falta de infraestrutura e deficiências na educação. O silêncio da gestão Fabion Gomes quanto aos critérios de escolha, à ausência de editais e à avaliação do impacto socioeconômico dos eventos reforça a necessidade de fiscalização e cobrança por mais transparência.