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quarta-feira, dezembro 31, 2025
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Taça na mão e bolso vazio. Essa é a realidade do futebol tocantinense, enquanto Leomar Quintanilha ganha R$ 215 mil por mês

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Em um desfecho eletrizante para o ano esportivo de 2025, o Araguaína Futebol e Regatas ergueu o troféu do Campeonato Tocantinense após uma batalha acirrada contra o Tocantinópolis Esporte Clube. O título, conquistado com uma vitória por 2 a 1 no jogo de ida e um empate por 1 a 1 na volta, no Estádio Senador João Ribeiro, no Bico do Papagaio, marca o terceiro campeonato estadual para o time de Araguaína – o primeiro em 15 longos anos de espera. Mas, em meio à euforia das arquibancadas, uma sombra paira: por que um campeão estadual sai de campo sem um centavo de premiação, enquanto figuras-chave da federação desfrutam de salários astronômicos? Essa disparidade não só frustra atletas e torcedores, mas levanta debates urgentes sobre a sustentabilidade do futebol no Tocantins.

Imagine o suor derramado em campo, os gols decisivos e a explosão de alegria ao apito final – apenas para descobrir que a vitória não rende frutos financeiros. No Tocantinense 2025, o Araguaína não só superou o Tocantinópolis no agregado de 3 a 2, mas também atualizou o ranking histórico de campeões do estado, agora com três títulos, atrás apenas de times como o Palmas (com seis). A campanha foi marcada por resiliência: o time enfrentou desafios logísticos em uma competição que se arrastou até o último dia do ano, testando a paciência de todos envolvidos. No entanto, diferentemente de campeonatos em estados como São Paulo, onde o vencedor embolsa R$ 5 milhões, ou mesmo Goiás com R$ 400 mil, o Tocantins optou por zero premiação em dinheiro para seu campeão. Isso não é mero detalhe; é um sintoma de um ecossistema futebolístico que prioriza o quê, exatamente?

Aqui entra o cerne da controvérsia: Leomar Quintanilha, presidente da Federação Tocantinense de Futebol (FTF) há impressionantes 36 anos, recebe um salário mensal de R$ 215 mil – equivalente a R$ 2,58 milhões anuais. Esse valor, aprovado pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF) em um aumento de 330% desde 2021, coloca Quintanilha entre os dirigentes mais bem pagos do país. Para contextualizar, esse salário supera o orçamento mensal de muitos clubes locais, incluindo finalistas de campeonatos estaduais em Mato Grosso do Sul, onde o teto gira em torno de R$ 200 mil para times inteiros. Críticos argumentam que, com recursos vindos da CBF, a FTF poderia alocar verbas para incentivar os campeões. Em vez disso, o foco parece estar em remunerações internas, o que gera murmúrios de desequilíbrio.

Mas seria justo pintar Quintanilha como o vilão solitário? Defensores da estrutura atual da CBF apontam que esses salários padronizados – R$ 215 mil para todos os 27 presidentes de federações estaduais – visam alinhar interesses e profissionalizar a gestão, evitando corrupção e garantindo estabilidade. Afinal, gerenciar uma federação envolve negociações com patrocinadores, logística de competições e representação nacional. No Tocantins, por exemplo, a FTF organizou o campeonato sem grandes incidentes, e Quintanilha tem sido creditado por manter o futebol vivo em um estado com desafios geográficos e econômicos. No entanto, sua ausência na final decisiva, um evento que poderia simbolizar apoio institucional, alimenta especulações: estaria o presidente distante demais do dia a dia do esporte? Por que não prestigiar o clímax de uma temporada que ele mesmo supervisiona?

Essa dicotomia não é nova no futebol brasileiro, mas no Tocantins, ela ressoa com força. Clubes como o Araguaína e o Tocantinópolis, que disputam vagas em torneios nacionais, lutam por sobrevivência sem incentivos diretos da federação. Reações nas redes sociais e na imprensa local ecoam indignação: “Como um dirigente ganha milhões enquanto campeões voltam para casa de mãos vazias?”, questiona um comentário recorrente em fóruns esportivos. Outros contrapontos surgem: talvez a falta de premiação incentive um futebol mais puro, focado na paixão em vez do dinheiro. Mas isso soa romântico demais em um esporte cada vez mais profissionalizado – e caro. Comparado ao Copão Tocantins, um torneio amador com R$ 200 mil em prêmios totais, o estadual profissional parece subvalorizado.

O que isso significa para o futuro do futebol tocantinense? Sem premiações, talentos locais podem migrar para estados mais generosos, enfraquecendo o ecossistema. E se a FTF redirecionasse parte de seu orçamento – que inclui repasses da CBF – para bonificar campeões? Ou seria hora de uma renovação na liderança, após quase quatro décadas no mesmo comando? Essas perguntas não têm respostas fáceis, mas demandam transparência. Enquanto o Araguaína celebra sua conquista histórica, o esporte no Tocantins clama por reformas que equilibrem taças e contas bancárias.

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