Descoberta entre 2016 e 2018, o angelim vermelho (Dinizia excelsa), é considerada a maior árvore da América do Sul e a quarta maior do mundo. Medindo 88,5 metros de altura e 3,15 metros de diâmetro, a espécie possui de 400 a 600 anos de existência e está localizada em território paraense, mais precisamente no município de Almeirim, na Unidade de Conservação (UC) de Uso Sustentável Floresta Estadual do Paru (Flota do Paru).
Além dessa, estima-se que há outras 35 árvores acima de 80 metros, distribuídas pelos estados do Pará e Amapá. Com o intuito de proteger a natureza, o Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade (Ideflor-Bio) esteve em Macapá, nos dias 30 e 31 de março, para debater com o Ministério Público do Amapá (MPAP) e instituições de ensino superior o Projeto de Proteção das Árvores Gigantes da Amazônia.
O Instituto foi representado pelo diretor de Gestão da Biodiversidade, Crisomar Lobato, que avaliou positivamente as reuniões com o titular da Promotoria de Justiça de Defesa do Meio Ambiente e Conflitos Agrários do MPAP, Marcelo Moreira e o engenheiro florestal, João Ramos de Matos Filho; com o diretor do Instituto Federal do Amapá (IFAP) Campus Laranjal do Jari, Diego Armando Silva da Silva; a professora do IFAP Campus Macapá, Telma Adriana Lobato e o professor da Universidade do Estado do Amapá (UEAP), Robson Borges de Lima.
A ideia é que sejam feitas duas expedições, sendo uma no início de agosto e outra em setembro. Na primeira, a prioridade será o levantamento da biodiversidade e das condições ambientais do extremo sul da área proposta para ser transformada em “Reserva Biológica das Árvores Gigantes da Amazônia – Pará”. A segunda pretende ser ainda maior, devido às condições meteorológicas permitirem uma viagem melhor durante o mês de setembro.
“É preciso compreender que a Amazônia tem muitas variações climáticas ao longo do ano. Há períodos de chuvas intensas, insolação e, sendo assim, avaliamos que setembro é o mês ideal para que a gente possa subir o rio Jari com uma grande expedição, envolvendo todas as entidades, até a maior árvore que está bem no extremo Norte do município de Almeirim, na Flota do Paru”, afirmou Crisomar Lobato.
Recategorização – Ainda segundo o dirigente, chegando ao local, será feito um levantamento minucioso das árvores gigantes, da flora e da fauna do entorno e das condições gerais ambientais, como relevo, tipo de solo, hidrografia e outras informações pertinentes para justificar a recategorização de aproximadamente 560 mil hectares da Flota do Paru em UC de Proteção Integral na categoria de manejo Reserva Biológica.
“Essa categoria realmente preserva as espécies da flora e da fauna que estão em seu interior, enquanto que florestas nacionais, estaduais e municipais, permitem que haja o manejo florestal e outros produtos. Por essa razão que se torna importante a recategorização como Reserva Biológica, porque vai garantir de fato a proteção e a preservação das árvores gigantes da Amazônia”, concluiu Crisomar Lobato.
De acordo com o presidente em exercício do Ideflor-Bio, Thiago Valente, o santuário de árvores gigantes reforça a importância da criação de áreas protegidas por meio de legislação ambiental específica, a fim de proteger os recursos naturais de relevância física, biológica e cultural, garantindo o equilíbrio dos ecossistemas, as relações entre esses elementos e a conservação de ambientes naturais para futuras gerações.
“É imperiosa a necessidade de estabelecermos medidas rígidas de proteção a esse ambiente que, sem dúvida alguma, deve ser objeto de estudos e pesquisas para melhor entendimento da relação desses indivíduos excepcionais com o ambiente e a biodiversidade local. Em última análise, embora seja um privilégio do Pará ser abrigo para essa descoberta, precisamos tratar com máxima atenção, responsabilidade e cuidado todas as medidas adotadas em favor dessa área”, enfatizou Thiago Valente. (Vinícius Leal)