
Um morador de Araguatins, no Bico do Papagaio, flagrou um momento raro e fascinante da natureza: um boto-cor-de-rosa (Inia geoffrensis) capturando e comendo um peixe às margens do Rio Araguaia. Embora comum na Bacia Amazônica, esse tipo de registro em áreas habitadas é incomum e reforça tanto a singularidade da espécie quanto os desafios enfrentados por ela diante da crescente pressão ambiental na região.
Com coloração que varia entre o cinza claro e tons rosados vibrantes — especialmente em machos adultos — o boto-cor-de-rosa é facilmente reconhecido por seu corpo robusto, focinho longo e nadadeiras adaptadas para se mover com destreza em ambientes como florestas alagadas. Sua habilidade de girar o pescoço em até 90 graus é uma adaptação evolutiva rara entre cetáceos e lhe confere notável agilidade na caça.
Habitando rios, lagos e igarapés da Amazônia e do Orinoco, o boto-cor-de-rosa é uma espécie emblemática, marcada por sua inteligência, curiosidade e importância cultural — frequentemente retratada em lendas populares da região. No entanto, apesar de seu simbolismo e valor ecológico, enfrenta ameaças crescentes, como a destruição do habitat, a contaminação por mercúrio oriundo da mineração e a captura acidental em redes de pesca.
Especialistas alertam que a conservação da espécie é fundamental não apenas para preservar a biodiversidade, mas também como indicador da saúde dos rios amazônicos. O registro feito em Araguatins serve como um lembrete da riqueza natural ainda presente na região e da urgência de ações que garantam a sobrevivência do boto-cor-de-rosa e dos ecossistemas que ele representa.




