A quantidade de mulheres que perdem a vida em acidentes com motocicletas vem aumentando a cada ano. O estado da região Norte que contabilizou o maior registro de mortes de mulheres por causa de acidentes em motocicletas em 2010 foi o Pará, com 39 óbitos. O número de óbitos de homens, no mesmo período, foi de 363. Em todo o Estado 402 pessoas morreram no ano passado em consequência de acidentes com motos.
O Sistema de Informações de Mortalidade do Ministério mostra que, embora os homens sejam maioria nos acidentes fatais com motocicleta na região (88%), a quantidade de mulheres que perdem a vida nesse tipo de acidente vem aumentando cada vez mais.
De acordo com dados divulgados pelo Ministério da Saúde, em 15 anos, a quantidade de vítimas fatais do sexo feminino em acidentes envolvendo motos subiu de uma para 104 pessoas na região Norte, aumentando 100 vezes. Em 1996 não foi registrada nenhuma morte por acidente de moto em todo o Estado.
No Brasil, do total de pessoas que perderam a vida em acidentes com motocicleta, 90% são do sexo masculino. Porém, o número nacional de vítimas fatais do sexo feminino em acidentes com motocicletas cresceu 16 vezes de 1996 a 2010, enquanto o número de homens que morreram nesses acidentes aumentou 13 vezes no mesmo período.
Um dos fatores preponderantes é o aumento da frota de motocicletas, meio de transporte utilizado por 10,2 mil dos 41 mil brasileiros que perderam a vida no trânsito em 2010. “Especialmente em cidades com menos de cem mil habitantes, tem aumentado o número de motociclistas, inclusive do sexo feminino, tornando as mulheres mais vulneráveis aos acidentes de trânsito”, observa o ministro Alexandre Padilha, lembrando que aumentou também a quantidade de pessoas – homens e mulheres – que usam a motocicleta para trabalhar.
“Temos mais um motivo para defender uma conduta cada vez mais cuidadosa no trânsito e que a fiscalização seja rigorosa para salvarmos mais vidas”, enfatiza o ministro, lembrando que cerca de 80% das vítimas fatais têm entre 15 e 39 anos.
Motociclistas não usam equipamentos
Além da associação entre direção e bebida alcoólica, o excesso de velocidade e direção imprudente também são fatores de risco. Os acidentes tornam-se ainda mais graves quando os motociclistas não utilizam equipamentos de proteção, como capacetes, casacos com proteção, calçados apropriados (botas, sapato fechado) e ainda desrespeitam a sinalização e fazem zigue-zague entre os carros.
A pesquisa Vigitel 2010 também mostra que, em ambos os sexos, a frequência do consumo abusivo de bebidas alcoólicas aumenta com a escolaridade. Com relação à faixa etária, a frequência foi maior entre os mais jovens, alcançando mais de 30% dos homens e mais de 10% das mulheres entre 18 e 44 anos de idade.
Rigor
O ministro Alexandre Padilha reforça a importância da prevenção e da fiscalização da Lei Seca, que reduziu drasticamente a tolerância da relação álcool e direção, defendendo também fiscalização mais rigorosa quanto ao uso de capacete e colete refletor por motociclistas. “Houve uma redução de até 30% nas regiões que tiveram uma ação mais eficaz na fiscalização”, esclarece, lembrando que o Ministério da Saúde apoia projetos de lei em discussão no Congresso Nacional que aumentam a pena de motoristas alcoolizados e a anulação de qualquer parâmetro mínimo de nível alcoólico ao volante.
Alexandre Padilha explica que o problema só não é ainda maior porque as ações de ampliação das unidades de urgência e emergência, como as UPAs 24 horas (Unidades de Pronto Atendimento) e a expansão do Samu 192, vêm aumentando a proporção de vidas salvas, em relação aos óbitos.
Em 2010, foram contabilizadas 145 mil internações no SUS causadas por acidentes, 15% a mais do que em 2009. Isso representou um investimento de R$ 190 milhões só em procedimentos específicos no Sistema Único de Saúde (SUS). No período, houve um aumento de 8% no número de óbitos.
Álcool – Tendência
Outro instrumento utilizado pelo Ministério da Saúde para o levantamento de dados, a pesquisa Vigitel 2010 (Vigilância de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico), mostra que o percentual de homens que afirmaram ter dirigido após o consumo abusivo de álcool ainda é superior ao das mulheres – 3% contra 0,2% -, porém o consumo abusivo de bebidas alcoólicas por mulheres vem apresentando tendência de crescimento. (Diário do Pará)




