A quarta-feira amanheceu e a sede do município de Parauapebas já havia recebido uma caravana com integrantes do Movimento dos Sem Terras que interditou o pátio de estacionamento em frente a agência do Banco do Brasil, na rua F. Durante todo o dia o movimento era fomentado com mais militantes.Na manhã desta quinta-feira, 27, já com o grupo constituído por cerca de 500 militantes, a agência do BB em Parauapebas foi interditada por tempo indeterminado e clientes e funcionários foram instruídos a não comparecerem a mesma.
Segundo informações obtidas no local, o movimento é no sentido de sensibilizar o governo federal, usando o bloqueio de instituições financeiras estatais ( Banco do Brasil, BASA e Banco do Nordeste Brasileiro), que atuam nas linhas de créditos rurais.
O movimento acontece simultaneamente em diversas cidades brasileiras, e tem como principais reivindicações a anistia de todas as dívidas dos pequenos agricultores que compõem a agricultura familiar oriundas do PRONAF A,B,A/C, C, D e E, e a concessão de novos créditos nas linhas já existentes.
O governo federal, através da MP 432, de abril de 2008, já havia concedido anistia similar, que posteriormente foi efetivada pela Lei 11.775, de agosto de 2008.
A interdição
A agência 3245-x – Parauapebas foi interditada logo pela manhã. Assim que o gerente geral da agência chegou à mesma, foi recebido por uma comissão do movimento que lhe entregou a pauta de reivindicações, para que fosse transmitida às instâncias superiores do Banco.
O gerente geral é o único funcionário do Banco do Brasil dentro da agência. Segundo foi verificado, a interdição é temporária e acontece de forma calma e pacífica, não sendo usado qualquer tipo de violência ou coação por parte dos militantes.
O comandante da Polícia Militar em Parauapebas, Capitão Juniso, esteve pessoalmente na agência conversando no sentido de manter a ordem, a segurança pessoal do gerente e patrimonial da agência.
Várias guarnições da PM-PA encontram-se nas proximidades da agência acompanhando muito de perto todas as movimentações.
O sistema de auto-atendimento do Banco do Brasil em toda a cidade está prejudicado. Segundo uma liderança do movimento, a manifestação não visa prejudicar o Banco do Brasil, e nem retaliar a agência Parauapebas, que sempre dispensou um bom atendimento aos assentados e usuários das linhas de crédito da agricultura familiar e aos movimentos sociais da região. Essa foi a forma encontrada pelo movimento, que, a nível nacional, necessita que o governo federal se sensibilize com os agricultores.
Uma comissão formada por alguns líderes do movimento se deslocou até Brasília, onde se reunirá com membros do governo federal e dos bancos envolvidos para que se chegue a um consenso, terminando assim as interdições.
Seria interessante que os clientes e usuários da agência BB em Parauapebas procurassem primeiro se informar se a interdição terminou para, só depois, se deslocarem até a agência para tratar de algum assunto, evitando assim algum possível conflito, já que as ações ´do movimento acontecem de forma pacífica.
Por causa da votação hoje no Congresso Nacional do Plano Safra 2010-2011, movimentos sociais em todo o país pressionam o governo para incluir no Plano vários pontos de uma pauta, que deverá ser repassada à imprensa local logo mais em uma entrevista coletiva.
VALE – outra interdição
A poucos quilômetros dali, na vila Palmares I, um outro grupo de assentados interditaram a entrada do pátio de armazenagem do cobre, da VALE. Eles reivindicam a parceria da mineradora na execução de uma extensa pauta entregue ao prefeito de Parauapebas, Darci Lermen (PT). (Zé Dudu – Foto: Waldyr Silva)




