O processo de capacitação profissional, que objetiva formar mão-de-obra para preencher a demanda da Siderúrgica Aços Laminados do Pará (Alpa), teve inicio na manhã desta segunda-feira, 25, na cidade de Marabá, região Sudeste do Estado. Os alunos foram selecionados no mês passado pelo Sistema Nacional de Emprego (Sine), em parceria com a empresa de mineração Vale S.A. Os cursos estão sendo desenvolvidos no Serviço Nacional de Indústria (Senai), na Obra Kolping, empresa de profissionalização terceirizada e nas associações de moradores de Marabá.
A primeira rodada de cursos reúne os candidatos aos cargos de assistente administrativo, garçom, secretariado, camareira, recepcionista de hotel, almoxarifado, pedreiro, ferreiro-armador e cozinha industrial. A estimativa do projeto Alpa é gerar 17 mil novos postos de trabalho em Marabá e região adjacente.
O projeto de capacitação profissional segue uma determinação da governadora Ana Júlia Carepa, que ao conceder a licença prévia do projeto Alpa, solicitou à mineradora Vale S.A que priorizasse a mão-de-obra local. “Queremos o projeto, mas queremos também garantir emprego ao povo do Pará”, disse a governadora na ocasião.
O projeto Alpa vai promover a verticalização do minério de ferro a partir de investimento de US$ 5,2 bilhões e uma capacidade de produção calculada em 2 milhões de toneladas métricas de aços semi-acabados (placas) e 500 mil toneladas de aços laminados (bobinas a quente e chapas grossas). Em maio deste ano devem começar as obras de terraplenagem do empreendimento.
Antes disso, milhares de paraenses estão se preparando para o mercado de trabalho. Nas salas de aulas do Senai e da Obra Kolping, o discurso é de esperança e de renovação da auto-estima. A maioria dos alunos está otimista e sonhando com um futuro melhor. “Quero antes agradecer à governadora Ana Júlia pela oportunidade. Ela está de parabéns”, disse Valdenor Souza, 28 anos. Ele está matriculado no curso de ferreiro-armador e espera em breve conseguir um trabalho de carteira assinada e avançar na profissão, “eu tenho experiência, mas falta o diploma que agora eu vou conseguir. Tenho mulher e três filhos e quero garantir um futuro melhor para minha família”, disse.
A turma do Senai tem quarenta alunos matriculados. Eles terão aulas durante dois meses. O instrutor José Oliveira, que é mestre de obra, diz sentir orgulho em poder colaborar com o futuro da turma. No roteiro das aulas noções sobre medidas, dobraduras e tamanhos variados dos ferros utilizados na construção civil.
O Senai também vai ministrar as aulas de pedreiro na Associação de Moradores de Morada Nova, Associação Beneficente das Folhas 6, 12, 13 e 16, além de Centro de Integração Social de Moradores do bairro da Liberdade. Estas turmas foram criadas para atender os alunos que moram longe do centro da cidade de Marabá.
Qualificação
O clima também é de descontração e otimismo na turma do curso de assistente administrativo. O instrutor Everton Barreto conta que a maioria dos alunos tem nível médio completo e que isso ajuda muito na hora da qualificação profissional. A didática reúne noções básicas de relações humanas, conhecimento de informática e rotinas empresariais.
Para quem busca a qualificação, o curso veio em boa hora. A agente de portaria Elisângela Bandeira, 29 anos, quer estar preparada para o futuro. “O projeto da Alpa é para 2013 e quando a hora chegar, queremos estar prontos”, disse. O mesmo pensamento é de Carla Andressa Silva Costa, do curso de cozinha industrial. Ela conta que já é cozinheira, mas que pretende ampliar seus conhecimentos e buscar mais detalhes da profissão. “Sabemos que ainda falta muito, mas só o fato de ter sido selecionada entre milhares de candidatos já é um privilégio”, disse.
A instrutora do curso de cozinha industrial Leia Socorro Nascimento, afirma que o curso vai abrir caminhos variados, que podem até antecipar a entrada dos profissionais no mercado de trabalho. A turma reúne homens e mulheres que trabalham ou têm afinidades em lidar com a fabricação de alimentos. Alguns, como é o caso de Bachira Darwichi, que é formada em Letras, mas tem paixão pela cozinha árabe, na qual já fabrica alguns produtos como a esfirra, charutos e kibes.
As aulas devem seguir um roteiro com dicas importantes sobre tendência em cardápios nutritivos, higienização dos alimentos e tempo de cozimento para que o prato não perca o sabor. “Até o final do curso deveremos visitar algumas cozinhas industriais para que a turma tenha noção total do assunto”, disse a instrutora.
Parceria
O processo de qualificação profissional dos paraenses que devem atuar no projeto da Alpa já recebeu investimentos do governo do Estado. O Senai recebeu cerca de R$ 2,5 milhões para ampliação e compra de equipamentos e instalação de laboratórios. A governadora Ana Júlia Carepa também formalizou parcerias com Universidade Federa do Pará, Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Pará (IFPA) e as Estações de Conhecimentos da Fundação Vale. O processo de seleção iniciou em dezembro de 2009 e os cursos de capacitação profissional acontecerão nos anos de 2010 e 2011.




