Após dois anos de muitas discussões, a Companhia de Transporte do Município de Belém (CTBel) finalmente assinou a regulamentação da atividade de mototaxistas no município. Serão dois mil profissionais que atuarão no serviço, permitido a partir do cumprimento de alguns requisitos, como a comprovação de que o motorista possui a motocicleta há pelo menos um ano, a declaração de que ele está em uma cooperativa ou associação e ter a carteira com menos de 21 pontos há pelo menos dois anos. O trânsito de veículos pelo centro da cidade será liberado, mas a criação de pontos rotativos dependerá de como o serviço irá se comportar.
Para o vereador Marquinho do PT, a regulamentação é o reconhecimento, ainda tardio, da necessidade de ordenar um serviço já popular em Belém. “Precisamos definir quem atua de forma legal, quem segue as normas, para não generalizar a categoria. É uma forma de garantir segurança também à própria população, que utiliza diariamente o mototáxi”, ratifica.
Opiniões
Contudo, alguns vereadores se manifestaram contrários à nova atividade legal. “O governo tem que investir em transporte de massa, não em ações que signifiquem riscos à população. Muitas câmaras adiaram a regulamentação enquanto pensavam em outras estratégias. O que mais me preocupa é a fiscalização”, rebateu Raul Batista (PR). A regulamentação aguarda agora a sanção do prefeito Duciomar Costa, no prazo máximo de 48 horas.
Para o presidente do Sindicato dos Mototaxistas do Pará, José de Ribamar da Silva, o benefício não é apenas para a categoria. “Ganham os mototaxistas e ganha a população, que vai receber um serviço mais organizado e mais seguro”.
Para Ribamar, a regulamentação colabora com o trabalho da própria CTBel. “A companhia não consegue fiscalizar todo mundo, agora as associações vão ajudar no monitoramento dos trabalhadores”, garante. Segundo o sindicalista, cursos de capacitação serão feitos com os condutores, o que deve diminuir o número de acidentes.
Mas as certezas do sindicato não são um consenso entre todos os mototaxistas. Para Adailson da Silva, muita coisa vai ficar como está. “O problema hoje são os clandestinos, eles colocam uniforme como o nosso e assaltam os clientes. Isso suja a categoria e é difícil de controlar”, conta. Para o também mototaxista Ivanilson da Luz, a dificuldade agora vai ser se associar. “As associações colocam umas dificuldades para a gente entrar. Vamos precisar trocar de placa, dessa cinza para a vermelha, igual à dos táxis”.
Para a população, a regulamentação é um alívio. “Com certeza isso vai ser bom, a gente vai ter mais confiança e certeza de que estão trabalhando”, afirma Leila Silva, autônoma, que usa com frequência os serviços de mototaxistas.
A manicure Carla Magalhães concorda: “Eu uso muito, mas só pego de quem conheço porque já vi muita história de gente que é assaltada por mototaxista. O comerciante José Everaldo Cruz também aprova a regulamentação. “Eu já uso mototáxis há uns seis anos e acho um serviço muito bom para a gente, mas temos que ter cuidado. Eu mesmo só vou com quem confio”, conta. (Diário do Pará)




