Pátios vazios, máquinas e linhas de produção paradas e quase nenhum funcionário trabalhando. Esta é realidade atual na Asa Norte Alimentos, empresa localizada em Aguiarnópolis, a 488 quilômetros de Palmas, Extremo Norte do Estado, que em 2009 planejava ampliar o abate de frangos e entrar no mercado internacional. Hoje, a empresa mantém em funcionamento apenas a fábrica de rações e a criação de aves vivas. Quando começou a operar na cidade, trabalhavam no complexo 410 trabalhadores. Ao interromper o abate, no último dia 30, restaram no frigorífico somente 120 funcionários na parte administrativa e de serviços gerais. Os demais foram demitidos ou cumprem aviso prévio. Se depender do crédito oficial para o ritmo de produção ser retomado, a empresa continuará sem abater aves.
Diretor-superintendente da empresa Heber Silva lembra que o frigorífico planejava começar a exportar para o Oriente Médio e a Ásia já em 2010. Agora, 300 pessoas foram demitidas e outras tantas estão cumprindo aviso prévio até o próximo dia 20. “Nós suspendemos as operação em função da demora do governo em asfaltar o acesso e o pátio da empresa, o que fez com que nossa licença para exportação, concedida pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), tivesse um caráter temporário. Isso nos impediu de fechar contratos de exportação consistentes. Outra situação que também motivou essa decisão foi a suspensão de empréstimos para construção de novas granjas, o que limitou a produção do abatedouro em até 38 mil aves/dia, o que significava apenas 25% da nossa capacidade de produção”, relata.
A Asa Norte Alimentos inaugurou sua planta em Aguiarnópolis em maio de 2007, num investimento de aproximadamente R$ 100 milhões. O então governador Marcelo Miranda (PMDB) se comprometeu, na ocasião, a pavimentar o acesso e o pátio do frigorífico, distante poucos quilômetros da rodovia TO-126. O investimento foi financiado pelo Banco da Amazônia, que suspendeu o crédito em julho de 2009. “Isso comprometeu o aumento da produção de aves dos pequenos produtores da região, responsáveis pela mão de obra, criação de pintos e pelas granjas”, lamenta Silva.
Banco
Por telefone, a superintendente do Banco da Amazônia no Tocantins, Marisa Maracaípe, informou que a instituição já contribuiu suficientemente com a Asa Norte Alimentos, financiando parte da planta industrial e do capital de giro. “Portanto, o banco não disponibilizará mais recursos para a empresa”, afirma. Quanto ao financiamento dos pequenos produtores que fornecem matéria prima para o frigorífico, Marisa disse que foi suspenso porque o mercado não está favorável a essa cadeia produtiva. “O banco está realizando um prognóstico do mercado e avaliando a viabilidade do negócio. Foi dado um prazo de 180 dias para que nos pronunciássemos e ele termina no final do mês. Ainda não sabemos se o prazo será estendido ou se a resposta será positiva ou negativa para o setor”, pontua.
De acordo com a direção da Asa Norte, a empresa teria capacidade de abater até 150 mil aves/dia. Mesmo abatendo apenas 25% desse total, seus produtos eram exportados para os mercados maranhense, paraense e piauiense e vendidos, em média, de R$ 2,00 a R$ 2,20 o quilo do frango. Silva diz que se a situação for resolvida, a empresa pretende voltar a operar na região. “Se o governo do Estado cumprir sua promessa e o Banco da Amazônia liberar crédito, esperamos conseguir uma nova licença para exportação e todos os funcionários demitidos deverão ser recontratados. Se continuar como está, o grupo pretende enviar todo o frango vivo para ser abatido no frigorífico de Paraíso do Tocantins, como já estamos fazendo”, declarou o diretor-superintendente.
A assessoria de comunicação do Departamento de Estradas de Rodagem do Estado do Tocantins (Dertins) informou que o trecho de acesso ao Frigorífico Asa Norte Alimentos será asfaltado assim que passar o período chuvoso. “No momento, o projeto de pavimentação do referido trecho está em fase de elaboração”, diz. O Jornal do Tocantins tentou contato também com as Secretarias Estaduais de Infraestrutura (Seinfo) e de Indústria e Comércio (SIC), para que se posicionassem sobre o impasse, mas até o fechamento desta edição não obteve retorno. (Webweson Dias – JT)




