
Empresários que participaram de uma licitação pública no município de Ananás, no Bico do Papagaio, registraram um Boletim de Ocorrência na 18ª Delegacia de Polícia Civil denunciando supostas irregularidades e práticas de coação envolvendo o processo licitatório nº 728/2025, que trata da contratação de empresa especializada para serviços de recuperação, manutenção e conservação de estradas vicinais na zona rural. O valor estimado da concorrência não foi divulgado oficialmente, mas trata-se de um contrato de alta relevância para o setor de infraestrutura local.
De acordo com o registro feito pelo engenheiro civil Wagner Lopes Bastos e outros comunicantes, ao chegarem para participar da sessão presencial de licitação, teriam sido conduzidos à Prefeitura e convidados a entrar em uma sala onde foram obrigados a deixar os celulares fora do ambiente. Ainda segundo o relato, o próprio prefeito de Ananás, Robson do Zé Geraldo, teria coagido verbalmente os participantes, sugerindo que empresas sem “compromisso prévio” com determinada firma não deveriam insistir em continuar no certame, sob pena de não receberem serviços futuros ou enfrentarem “custos e processos”.
O caso também levanta suspeitas sobre possível direcionamento do processo licitatório. Os participantes afirmam que o ambiente foi hostil e marcado por intimidações, a ponto de muitos desistirem de apresentar propostas. Um dos trechos do boletim diz que os empresários foram induzidos a se retirar ou a não abrir os envelopes, e que a sensação generalizada era de medo de retaliações administrativas e jurídicas. A denúncia classifica a situação como abuso de poder, desvio de finalidade e violação à livre concorrência, princípios fundamentais das contratações públicas.
Até o momento, a Prefeitura de Ananás não se manifestou oficialmente sobre as acusações. A Polícia Civil deverá apurar os fatos relatados e encaminhar o caso ao Ministério Público, caso sejam constatados indícios de irregularidades. Diante da gravidade das denúncias, o episódio levanta questionamentos sobre a transparência dos processos licitatórios no interior do estado e sobre os limites da atuação de gestores municipais em procedimentos que exigem rigor legal e impessoalidade.
O espaço fica aberto para a posição da Prefeitura sobre as acusações.