Os senadores Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) e Randolfe Rodrigues (PSOL-PA), que estiveram em Nova Ipixuna nesta segunda-feira (11) para avaliar como estão as investigações a respeito do assassinato do casal de extrativistas José Cláudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo, mortos em 24 de maio, diagnosticaram ineficiência das autoridades policiais que acompanham o caso.
A denúncia foi feita pela própria população que vive e trabalha na região e também pela Comissão Pastoral da Terra (CPT), que acompanhou a visita da comissão externa do Senado destinada a acompanhar as investigações sobre mortes por conflitos agrários no sul da Amazônia, região da qual os senadores fazem parte.
O inquérito, comandado pela Polícia Civil paraense, corre em segredo de Justiça e, segundo manifesto encabeçado pela CPT, as polícias Civil e Federal não conseguiram avançar nas investigações para chegar aos executores e mandantes dos crimes. Para a Comissão, a Polícia Federal parece pouco aparelhada para tocar as investigações e a Polícia Civil demonstra pouco interesse em investir no processo e desvendar os crimes.
A coordenadora da comissão, Vanessa Grazziotin, destacou a presença no local do secretário adjunto de Justiça e Cidadania do Pará, Sávio Mileo, e o delegado responsável pelo inquérito, Rilmar Firmino. “O delegado nos garantiu que no próximo dia 24 entregará o relatório final do inquérito. Vamos aguardar para ver quais os avanços”, lembrou a senadora, que encaminhará o problema também ao ministro da Justiça, José Cardoso.
O delegado, que está em Belém, foi procurado ontem (13) pela Reportagem para comentar as denúncias, mas, de acordo com sua assistente, delegada Cláudia, ele estaria em reunião.
Situação
Sob escolta da Polícia Militar do Pará, os parlamentares chegaram ao local num micro-ônibus que saiu de Marabá e percorreu uma vicinal de 100 quilômetros, metade sem asfalto. Nas margens dela, os senadores só viram vestígio de floresta.
No destino, os senadores eram aguardados por mais de 200 agricultores que estão proibidos pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) de derrubar árvores para fazer carvão. Aproximadamente 14 mil toneladas do produto abastecem todos os anos as 14 siderúrgicas da região. “Queremos o fim da impunidade. A família dos agroextrativistas pede apoio e Justiça das autoridades”, dizia um dos cartazes afixados no local.
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Nova Ipixuna, Eduardo da Silva, reconheceu que os agricultores também são responsáveis pelo desmatamento na região, mas alegou que essa situação só acontece por falta da presença do Estado. Ele reivindicou a implantação de projetos agroextrativistas no assentamento. No mês passado, a comissão esteve em Extrema (RO), na divisa com o Amazonas e Acre, para averiguar as condições do assassinato do agricultor Adelino Ramos, o Dinho, morto em Vista Alegre do Abunã (RO).




