A participação de outros funcionários da Caixa Econômica Federal e a segurança do sistema do resgate de prêmios das loterias viraram alvos da ação do Ministério Público Federal (MPF) do golpe milionário do bilhete premiado da Lotofácil da Independência, e não da Mega-Sena, conforme divulgado pela Polícia Federal (PF). O golpe culminou na maior fraude da história contra Caixa, com o desvio de R$ 73 milhões, da agência de Tocantinópolis.
A Justiça Federal aceitou, na última terça-feira, a denúncia do MPF contra os sete envolvidos na fraude, identificados pela PF durante as investigações da operação Éskhara. “A própria Caixa já instaurou uma auditoria para avaliar o esquema. A Caixa é vítima na fraude, nos estamos apurando qual servidor da Caixa está envolvido. Nós já temos um, os demais serão identificados e serão punidos”, afirmou a procuradora da República Aldirla Pereira Albuquerque, ontem, durante entrevista coletiva em Palmas.
A procuradora corrigiu a informação de que o golpe consistia no pagamento de um prêmio falso da Mega-Sena, conforme informado pela PF no início das investigações. “O golpe foi contra um concurso da Lotofácil, em comemoração a Independência do Brasil”, disse Aldirla. O concurso de nº 952 da Lotofácil foi sorteado em 7 de setembro de 2013 e premiou 66 ganhadores com R$ 1.107.491,15 cada, somando um prêmio de R$ 73.094.415,90.
“O prêmio já havia sido pago aos verdadeiros ganhadores quando ocorreu à fraude. A Caixa pagou duas vezes pelo prêmio”, esclareceu Aldirla. Portanto, o valor pago pelo mesmo concurso chegou ao montante de R$ 146.188.831,8.
Os réus na ação são Alberto Nunes Tugeiro Filho, vulgo Beto, Antônio Rodrigues Filho,o suplente de deputado pelo PMDB no Maranhão Ernesto Vieira de Carvalho Neto, Márcio Xavier de Lima, Paulo André Pinto Tugeiro, o gerente da Caixa em Tocantinópolis, Robson Pereira do Nascimento – que foi demitido da instituição – e Talles Henrique de Freitas Cardoso. Os acusados responderão pelos crimes de organização criminosa, peculato, falsidade de documento público e lavagem de dinheiro. “As investigações continuam e é provável que mais pessoas estejam envolvidas no esquema”, disse a procuradora, que não descarta a possibilidade de outros funcionários de instâncias superiores da Caixa estarem envolvidos no esquema.
Na conta vinculada ao ganhador fictício no golpe, aberta por Lima, com documentos falsos em nome de Márcio Xavier Gomes de Souza, foi depositado o montante de R$ 73.094.415,90 e depois pulverizado para mais 15 contas. “As transferências do dinheiro foram feitas a mais de 200 contas em todo país, chegando ao 12° nível de lavagem de dinheiro”, informou a procuradora. Segundo ela, essas contas estão bloqueadas e estão sendo investigadas, pois é possível que outras tenham sido abertas também com documentos falsos.
A organização criminosa agiu tentando um golpe similar na agência de Parnaíba (PI), em um prêmio da Mega-Sena, com o valor de R$ 25 milhões. “Há indícios desse golpe em outro estado, mas não posso adiantar informações porque está em diligências”, falou a procuradora. (Jornal do Tocantins)




