O novo relatório de monitoramento do Tribunal de Contas do Tocantins (TCE-TO) sobre a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Tocantinópolis aponta um salto expressivo na qualidade da estrutura e dos serviços públicos oferecidos à população. As mudanças, implementadas após a fiscalização realizada pelo projeto TCE de Olho em abril, incluem reformas gerais, capacitação de equipes e adoção de sistemas modernos. No entanto, apesar da melhora visível, especialistas e moradores ainda levantam questionamentos sobre a capacidade da gestão municipal, comandada pelo prefeito Fabion Gomes, de manter esse padrão no longo prazo.
Segundo a Coordenadoria de Auditorias Especiais, a unidade passou de um cenário crítico — marcado por medicamentos vencidos, ambulâncias sucateadas, estrutura danificada e ausência de protocolos — para um ambiente reformulado, climatizado e devidamente padronizado. O Prontuário Eletrônico do Cidadão (PEC), a reorganização da farmácia, a criação de setores como o Núcleo de Vigilância Epidemiológica e a modernização das triagens são pontos destacados como avanços estruturais. Ainda assim, persiste a dúvida: por que problemas tão básicos, como documentação irregular, falta de insumos e manutenção de ambulâncias, só foram enfrentados após intervenção externa do Tribunal?
A Prefeitura sustenta que as melhorias são fruto de planejamento e que as orientações do TCE foram essenciais para acelerar a reorganização do serviço. Contudo, a pergunta que surge entre parte da população é direta: se a UPA tem capacidade para funcionar em padrão elevado, como demonstrado nesta última vistoria, o que impediu que essa qualidade fosse entregue antes? A existência de pendências, como a regularização de ambulâncias no Detran e a implementação de ponto eletrônico, reforça o debate sobre a consistência da gestão e sua efetividade na condução contínua da política de saúde.
A Secretaria Municipal de Saúde afirma que o conjunto de ações já permitiu à unidade entrar em processo de reclassificação no Ministério da Saúde, o que pode elevar o perfil da UPA e gerar maior captação de recursos federais. O reconhecimento do TCE é importante, mas o gestor público também será cobrado pelos moradores quanto à manutenção das melhorias, à sustentabilidade das práticas implantadas e à transparência nos investimentos realizados. Para muitos, os avanços podem representar um ponto de virada; para outros, são apenas a correção de falhas básicas que nunca deveriam ter existido. O tempo dirá se Tocantinópolis consolidará esse novo padrão ou se dependerá novamente da pressão dos órgãos de controle para que o serviço funcione como deveria.




