A senhora Lídia Ribeiro esposa do vigilante Adão Ribeiro da Silva agredido por marginais durante seu trabalho na noite do dia 20 divulgou nota a imprensa em nome da família lamentando a acontecido.
NOTA
UMA VIDA POR UMA ARMA?
Adão e eu somos casados há 16 anos. Temos quatro filhos, nas idades de 15, 13, 9 e 6 anos. Dia 20/08/2009, após dormir uma tarde inteira, preparatória para mais uma desgastante escala noturna de trabalho como vigilante, – que faço questão de ressaltar ser uma profissão que sempre exerceu com muito zelo e a cumpre por vocação, pois sempre afirmou gostar do seu trabalho e que, embora tenha o ensino fundamental completo, nunca demonstrou interesse por outra ocupação profissional – Adão não voltou para casa e hoje, um leito na Unidade Terapia Intensiva do Hospital de Referência de Araguaína é a sua guarita. Quanta mudança, da noite para o dia?
Como de costume, ao sair para o trabalho, sempre zelando pela pontualidade e assiduidade de cada escala, despediu-se da família, na perspectiva de retornar no dia seguinte ao seu lar, ato que não se pode prever com precisão, pelo fato de não sabermos o que nos espera no futuro, mas que pelo costumeiro padrão de vida da nossa então pacata Tocantinópolis, ser vigilante era uma profissão e meio de sustento familiar e não algo tão assombrador e com reservas para que o medo e a incerteza de poder ver um novo dia raiar atormentasse a vida destes profissionais, no nível de nossa localidade.
No histórico de nossa família, não há registro de que nossos filhos chegassem a passar necessidades em decorrência de irresponsabilidade por parte do dono da casa. Ao contrário, Adão sempre foi e será um exemplo a ser seguido por nós, em termos de preocupação com o bem-estar da nossa família, porque, acima dos médicos, há uma força soberana que rege a todos nós, que toma conta de nossas vidas do mesmo modo como tem provido a vivência terrena desses elementos que, em troca de uma arma, foram capazes de cometer um ato tão cruel contra mais um entre os milhares de cidadãos de bens no Brasil e mundo afora, que dedicava mais uma de suas noites de sono em prol da segurança do bem público.
Hoje, como muitos também se questionam, uma pergunta não quer calar: Se o objetivo desses marginais era apenas obter a arma que Adão portava, e o número de atacantes era quatro e parece que está crescendo o quadro de participantes, porque não o imobilizaram, levando consigo esse objeto “PRECIOSO”, bem mais relevante que a vida de um cidadão que não estava fora de seu lar naquele momento para apenas se divertir, muito mesmo para maquinar e executar algo que não pode ser desfeito, pois, por mais que a vítima se recupere, toma outro rumo a história da nossa amada Tocantinópolis e com salutar referência, o campus da Universidade Federal do Tocantins, palco em que eu, enquanto ex-docente e atuais docentes, discentes e demais funcionários que criam o cotidiano daquela tão estimada instituição, discursamos, mediados pelas leituras de uma educação para a vida, palavras de esperança, êxito e perseverança, visando a construir diálogos que levem à formação do cidadão ideal para a sociedade exigente que o espera.
É importante mencionar ainda, o possível envolvimento de uma senhora de aproximadamente seus mais de 60 anos de idade, nessa trama tão desumana! Se eu pudesse olhar nos seus olhos, não a agrediria com palavras torpes, muito menos fisicamente. Só faria a seguinte reflexão: A senhora tem filhos? Adão e eu temos quatro filhos, sonhamos vê-los crescerem como cidadãos de bem, que tem sido o exemplo que passamos para cada um deles ao longo de nossas vivências no lar. Mas aquela madrugada fria, que para o Adão, como um integrante da família UFT era mais uma escala de trabalho, estão mudando o curso de nossa história, porque, pelo homem saudável que ele é, certamente aquele leito de hospital que o acolhe e possivelmente o desconforto de todos aqueles tubos e fios, instrumentos úteis à medicina para a continuidade de seus incertos momentos de vida, porque a medicina já fez e vem buscando fazer o seu papel, não pode garantir a sua recuperação – NÃO É O LUGAR EM QUE ELE DEVERIA ESTAR! E a senhora, ao que tudo indica ajudou na escrita dessa tragédia!
Por fim, só quero acrescentar, em nome da minha família, amigos e parceiros da jornada profissional tanto minha quanto da instituição da qual Adão faz parte, que não desejamos a nenhum dos seus agressores serem contemplados pela dor por que passamos, porque a punição que lhes cabe Deus proverá e este mesmo Deus, que dotou inteligência ao homem para criar tecnologias que mantêm Adão e demais enfermos em estado grave vivos, pode inverter todo esse quadro de dor que enfrentamos, porque, quando a medicina não nos dá mais esperança, mesmo assim, seus profissionais recomendam a contrição com o AUTOR DA VIDA e Ele fará o MELHOR para a vida de Adão Ribeiro da Silva, 40 anos de idade, cerca de 18 anos de exercício profissional na área de vigilância, pai de quatro filhos que choram a sua ausência em nosso LAR! TUDO POSSO NAQUELE QUE ME FORTALECE (Fil. 4:13)
Lídia Ribeiro (esposa).




