Aperfeiçoar o conhecimento e as práticas são essenciais no cotidiano. E para fortalecer o aprendizado e a inclusão social no município de Tocantinópolis, desde o último semestre do ano passado está sendo promovido, pela primeira vez, o Curso de Libras, totalmente gratuito. O projeto é uma iniciativa da professora e especialista em Educação Especial e pós-graduada em Libras, Marianalda Matias Meneses.
De acordo com Marianalda, as exigências em torno da qualificação profissional estão cada vez maiores, por este motivo o cidadão que precisa da inserção no mercado de trabalho requer a busca constante por uma formação universalista que o capacite para atender o mercado competitivo, como também o habilite para conviver bem com seus pares nos diversos setores da sociedade.
“Com essa preocupação em estar inserido no mundo globalizado, muitas pessoas têm procurado aprender novas metodologias, desenvolver novas habilidades, e essa preocupação é de todos, principalmente para as pessoas com algum tipo de deficiência. E nesse campo, as dificuldades são espantosas, tendo em vista o preconceito, e a falta de informação”, informou a Meneses.
A Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002, estabelece e atribui ao poder público a garantia e o acesso à educação para surdos e mudos nas escolas regulares de ensino, garantindo seu aprendizado e progressão educacional. No entanto, mesmo o regulamento tendo esse condicionamento, muitos deficientes auditivos ainda esbarram nas inúmeras dificuldades para serem incluídos na sociedade, visto que em muitas escolas não há infraestrutura nem tampouco profissionais habilitados o suficiente para receber os alunos portadores de deficiência auditiva, e poucos têm o conhecimento de Libras quando se ingressa no mundo acadêmico.
Pensando nessa premissa, buscou-se uma forma de minimizar os transtornos vividos pelas pessoas, especialmente, as pessoas com deficiência auditiva, por meio da criação do curso de Libras (Língua Brasileira de Sinais), presencial, no qual pudesse atender aos anseios da comunidade surda no que diz respeito a aprender a se comunicar de forma eficiente fazendo-se entender no convívio social e ser inserido no mercado de trabalho, uma vez que não encontram colocação, apesar da lei que os asseguram.
Desse modo, refletindo na sociedade tocantinópolina ouvinte, a qual é carente de profissionais habilitados em Libras, o que dificulta a comunicação de surdos e ouvintes, e a convivência destes, levou-se a tessitura do “Projeto: Libras, Eu Falo”, cujo objetivo é oferecer as pessoas com deficiência auditiva a oportunidade de serem incluídos na sociedade de forma produtiva e eficaz por meio da comunicação em Libras uma vez que é através dessa língua ele consegue mostrar sua capacidade e seu desenvolvimento no meio social, pois ter o acesso a um idioma como a Libras é importante e benéfico tanto para os surdos quanto para as pessoas que convive com eles em sociedade.
A professora Marianalda destaca que o projeto além de incluir pessoas com deficiência auditiva, o curso integra acadêmicos, professores da rede pública municipal e estadual, bem como a própria comunidade. E por este motivo, avalia a primeira edição do curso como positiva. “Tivemos a grata satisfação de receber dezenas de inscritos interessados em participar do curso. E o resultado final disso tudo me alegra, porque vejo que foi um empreendimento muito enriquecedor. E o contentamento disso tudo é saber que as pessoas estão vendo esse curso com um olhar de quem realmente valoriza o que aprendeu”, destaca.
Em breve, deve acontecer novas inscrições para a segunda edição do curso, e a procura por vagas já é considerada grande. “As pessoas com as quais nós trabalhamos todo o período do curso são pessoas que realmente querem aprender e buscar o melhor para si e para o outro, no caso, os deficientes auditivos. Então a minha perspectiva e satisfação é que o curso está atendendo aquilo que realmente foi proposto. E a parceira do poder público é muito importante para a concretização desse curso, esperamos para a próxima turma – com previsão de início para o mês de maio ou em junho – que as parcerias sejam bem amplas e que possamos alçar voos significativos”, informou.
Nalda Meneses aproveita a oportunidade para agradecer aos parceiros que estiveram imbuídos na efetivação desse projeto. “De modo especial agradeço à diretora da escola Paroquial Cristo Rei, Vaneça Alves, que nos cedeu o espaço para a realização das aulas; ao professor Leandro Andrade, da UFT, o qual irá emitir os certificados; ao Comercial Bom Jesus; ao Casarão Sol Nascente; ao vereador Irmão do Lanche; ao professor Cleber Borges, pela realização de aulas quanto à legislação; à Prefeitura de Tocantinópolis; e principalmente, aos alunos que participaram e acreditaram no meu profissionalismo frente ao curso. Satisfação e o nosso muito obrigado”, ponderou.
O Curso
A Língua Brasileira de Sinais (Libras) é a língua de sinais usada pela maioria dos surdos brasileiros e é reconhecida pela Lei 10.436, de 24 de abril de 2002. Em Tocantinópolis, o curso é coordenado e ministrado pela pedagoga e especialista em Educação Especial e pós-graduada em Libras (Língua Brasileira de Sinais), Marianalda Matias Meneses, com a participação especial do professor mestre, da Universidade Federal do Tocantins (UFT), Leandro Andrade.
As aulas acontecem quinzenalmente (no sábado), na Escola Paroquial Cristo Rei. Cada encontro tem duração de 8 horas. Ao término do curso, os 30 (trinta) participantes receberão certificado emitido pela Universidade Federal do Tocantins, com carga horária de 162 horas no total. Além de participantes do Tocantins, o curso integra pessoas do vizinho estado do Maranhão.
No decorrer do curso, os participantes puderam vivenciar momentos únicos e de muito aprendizado. Aulas que foram na sua essência totalmente práticas, com exposições de vídeos, histórias, dinâmicas e apresentações de trabalhos, o qual marcou a trajetória do Curso de Libras em Tocantinópolis. (Dirceu Leno)




