*Portais do Bico
Durante a campanha eleitoral, vitoriosa, do então candidato e atual governador Mauro Carlesse (PHS) ao governo do Estado, em um comício realizado em Augustinópolis, ao lado de eleitos como o deputado estadual Amélio Cayres e do senador Eduardo Gomes (MDB) ele prometeu, caso eleito, que o Bico do Papagaio seria contemplado com três secretarias de governo.
Com mais de um mês e meio de mandato, o Bico do Papagaio continua a ver navios. Ou melhor: barquinhos e canoas que singram silenciosamente nas águas mansa dos rios Tocantins e Araguaia. Assim como a população, empresários, profissionais liberais, que continuam seguindo a rotina do dia-a-dia, ainda sem grandes perspectivas.
Passado mais de trinta anos de criado o estado do Tocantins, a região que tem uma das maiores (se não a maior) densidade populacional e eleitoral do estado, com cerca de 140.000 (cento e quarenta mil) eleitores, continua relegada a uma grande insignificância econômica, política e social. Sem ter, de fato, suas grandezas e potencialidades em vários setores valorizadas.
Com exceção de vozes isoladas, aqui e ali, poucos falam, com precisão e dados sobre todas essas potencialidades. Poucas vezes houve investimento sincero e desinteressado para com a região. E quando essas vozes ecoam, são rapidamente abafadas, sempre com o mesmo argumento: “esse interesse é meramente político”, ideia sempre plantada pelos “donos” do poder de plantão.
“Vejo o Bico do Papagaio como uma nova Mesopotâmia. De um lado e do outro dois grandes rios, que não são o Eufrates nem o Tigre, mas o Tocantins e o Araguaia, entre eles terras férteis e sol o ano inteiro”. Esta frase é de Jalba Munduca, ex-secretário de Agricultura do Tocantins, no penúltimo governo Siqueira Campos (2009/2012), dita em uma reunião em Araguatins, pouco antes de começar as obras do que deveria ser o Projeto Sampaio – onde se fala que foi enterrado mais de 200 milhões de reais. Iniciativa da qual, passados por volta de 18 anos de seu início, restam apenas máquinas consumidas pela ferrugem, canais e casas de máquinas que se deterioram pela ação do tempo.
Esta colocação do ex-secretário ilustra muito bem as grandiosas potencialidades de nossa região que não são aproveitadas e muito menos exploradas de forma correta. Desinteresse que resulta no travamento de melhorias reais na vida do povo biquense. Esse subaproveitamento não ocorre por falta de representantes nas Casas Legislativas do estado e em Brasília. Como deputados federais já elegemos Osvaldo Reis, Darci Coelho e Homero Barreto. Para a Assembleia Legislativa já enviamos Luiz Tolentino, João Renildo, Raimundo Moreira, Fabion Gomes, José Bonifácio, Everaldo Barros, Rocha Miranda, Manoel Queiroz e Iderval Silva. Vale lembrar que o senador Eduardo Gomes morou na cidade de Araguatins na década dos anos 80.
Nesta legislatura temos Amélio Cayres, em seu quarto mandato; Fabion Gomes, outro veterano que esteve afastado por dez anos enquanto exercia dois mandatos de prefeito em
sua cidade, Tocantinópolis; e Jair Farias, um estreante. Seriam estes os homens que cobrariam do governador a promessa de campanha? Não parece que o farão. Para começar, não tiveram dentro do próprio território liderança e voz ativa para compor a Mesa Diretora ou mesmo presidir pelo menos uma das inúmeras comissões da Assembleia Legislativa.
Nosso estado, em todas as esferas políticas, vive o que se pode chamar de “síndrome do empreguismo”. Ou seja, deputados, vereadores e outros mais são eleitos e parecem ter em mente apenas o propósito de montar ou manter seus cabides de empregos. Especialmente para os mais próximos, formando os famosos currais eleitorais: uma reserva de mercado em busca de garantir a próxima eleição. Essa prática é extremamente danosa para a sociedade, uma vez que, salvo as exceções, a maioria são “cupichas” políticos que servem tão somente para fazer politicalha a favor daquele que o indica, enquanto ganham o dinheiro do povo.
O caminho deveria (deve ser!), a fomentação do empreendedorismo, do cooperativismo e outros meios que fortaleçam o empoderamento econômico das pessoas, oportunizando para todos que querem de fato trabalhar, uma vida próspera profissionalmente e empresarialmente. Com isso, tira-se o povo do entorno das suntuosas mesas onde se servem os banquetes do poder, lugar permanentemente ocupado há séculos por pobres criaturas à espera das migalhas que caem humilhantemente no chão e os alimentam de dor e vergonha.
Pois bem, não é apenas Mauro Carlesse que tem um débito com o Bico por uma promessa de campanha, mas no sentido de promover o desenvolvimento da região, todos os governantes que passaram pelo o Palácio Araguaia o tem. E, mais ainda, nossos deputados estaduais e federais, que nunca fizeram ou mesmo fizeram disso somente uma bandeira de atuação, foram e continuam sendo omissos devedores eternos com o povo da região e com o Bico do Papagaio.
Cabe ao atual ocupante do Palácio Araguaia, Mauro Carlesse, homem forjado no empreendedorismo, quitar este débito com o Bico do Papagaio promovendo uma séria política de desenvolvimento econômico para a região. Fazendo isso, com certeza faz muito, muito mais que indicar três nomes da região para o alto escalão do seu governo, implementando projetos que garantam trabalho de fato para o povo do Bico. Além disso, fomenta o comércio, pequenas indústrias, explora equilibradamente as riquezas naturais e viabiliza projetos que estão parados.
Aos nobres deputados biquenses, que sejam mercadores dos sonhos de desenvolvimento que acalentem o peito do povo da região do Bico do Papagaio, tire das mãos o eterno pires que busca apenas migalhas para poucos afortunados e estendam as mãos para selarem compromisso de fato.
Obs
Projetos iniciados e parados e que até agora não resultaram em benefícios para o povo da região:
Projeto Sampaio – Sampaio – Desde 2000
Biodisel – Axixá
Farmacon – Araguatins – 1998
Porto de Praia Norte – Praia Norte 2010
Angico – Granja YABUTA
*Voz do Bico, Folha do Bico e TocNotícias