O comandante-geral da Polícia Militar do Tocantins, coronel Marielton Francisco dos Santos, retirou de circulação 25% das viaturas da corporação. Os carros faziam parte do lote de 460 veículos alugados da empresa Quality Aluguel de Veículos em contrato firmado em 2007. O deputado estadual Sargento Aragão (PPS) afirmou que está preparando um requerimento, solicitando informações do comandante. “Quero saber porquê depois de um ano e meio, se verificou que esses veículos não eram necessários. Foi gasto à-toa?”, questionou o parlamentar.
Mesmo com a redução de cerca de 115 veículos, o governo ainda pagará R$ 11.218.476,00 à Quality entre janeiro e setembro deste ano. Com a medida, o pagamento mensal deve baixar de R$ 1,1 milhão para uma média mensal de R$ 934.873,00.
O contrato inicial firmado com a Quality incluia o aluguel de 405 Gols, 6 Corollas, 25 Sienas e 24 Rangers é alvo de investigação do Tribunal de Contas do Estado (TCE), lembrou o Conexão. O órgão detectou irregularidades e determinou a ex-comandantes, em abril de 2011, a devolução de R$ 1,5 milhão aos cofres públicos ou que explicassem pagamentos indevidos, cessão irregular de veículos e a não escolha da proposta mais vantajosa para o Tocantins.
Até junho deste ano, a empresa Quality já recebeu do governo estadual R$ 7.527.952,71 referente a pagamentos do contrato. Do montante, conforme o Portal da Transparência, R$ 4, 6 milhões referentes ao aluguel de setembro a dezembro do ano passado e R$ 2,8 milhões aos primeiros meses deste ano.
Trancado no gabinete
Aragão ainda afirmou que o efetivo da PM do Tocantins, de cerca de 4 mil homens, conta com apenas a metade, 2 mil policiais, nas ruas. Em Palmas, conforme o parlamentar, a situação é muito crítica. “Para se ter ideia, hoje temos menos homens nas ruas, realmente, do que em 1998”, disse.
Aragão avaliou que a situação pode piorar ainda mais no Estado, uma vez que cerca de 250 policiais devem ser aposentados ainda neste ano. Ele defendeu que a trabalho da PM, constitucionalmente, é ostensivo, de prevenção, ou seja, nas ruas. “Mas eu tentei colocar no projeto [que tratou da estrutura da PM] a exigência de que os oficiais também fossem para as ruas, e não foi aceito. Não querem trabalhar, só querem ficar trancados nos gabinetes. O coronel Marielton tinha que ir para as ruas como fazia o coronel Benvindo [que também comandou a PM]”, comparou o deputado.
Ele também afirmou que o PCCS aprovado no primeiro semestre deste ano não motiva a tropa. “Como motivar se o policial só pode chegar a terceiro sargento ou quando se sabe que metade da tropa trabalha 300 horas por mês e outra metade 144 horas?”, perguntou o parlamentar.
Segundo Aragão, o Comando da PM não tem plano de emergência, nem um plano de segurança e de ação. “Fiz um requerimento para saber o plano do Comando para a segurança e até agora, 75 dias depois, não recebi resposta. Porque não existe”, afirmou o parlamentar.
Falsa sensação de segurança
O deputado avaliou como “um absurdo” a estratégida de colocar viaturas paradas o dia todo sobre as rotatórias das principais avenidas da Capital. “Só serve para passar uma falsa sensação de segurança, porque o policial não produz e nem pode sair do local”, explicou.
Conforme Aragão, os dois policiais que ficam sobre as rotatórias são obrigados a permenecerem por seis horas em pé, “sem descanso”.




