A preocupação com a vida e segurança de extrativistas e lideranças agrárias, fez com que o Ministério Público Federal solicitasse à Polícia Federal e autoridades de segurança pública do Pará que se iniciasse investigação sobre ameaças a Raimundo Belmiro e sobre invasão na reserva Resex Riozinho do Anfrísio, em Altamira. Em Marabá, familiares de Zé Cláudio e Maria do Espírito Santo, assassinados em maio deste ano, em Nova Ipixuna, devem ser protegidos.
Em um dos ofícios, para a PF, o MPF pede abertura de inquérito criminal para apurar ameaças a Raimundo Belmiro. Ele vem denunciando ameaças de madeireiros que estão invadindo a Resex do Riozinho do Anfrísio para derrubadas ilegais. Circula na região a informação de que teriam até oferecido um preço pela sua morte: R$ 80 mil.
No documento em que pede a instalação do inquérito, o MPF recomenda que Raimundo Belmiro seja ouvido pela PF e que o Instituto Chico Mendes (ICMBio), responsável pela administração da Resex, envie todas as informações e documentos que têm sobre as invasões de madeireiros e a presença de pistoleiros na reserva.
Zé Cláudio e Maria
Nos outros documentos, dirigidos às secretarias de Segurança Pública e de Justiça e Direitos Humanos do Pará, os procuradores Tiago Rabelo, de Marabá, Ubiratan Cazetta e Felício Pontes Jr, de Belém, pedem a inclusão em programas de proteção dos familiares de Zé Cláudio e Maria do Espírito Santo, ameaçados, possivelmente, pelos mesmos criminosos que assassinaram o casal, no Assentamento Praialta-Piranheira, em Nova Ipixuna.
O duplo homicídio do casal de ambientalistas, no dia 24 de maio, depois de várias ameaças, completou essa semana três meses sem que os executores ou mandantes tenham sido presos. A Polícia Civil do Pará chegou a anunciar as identidades dos assassinos, mas eles permanecem foragidos.
Em pelo menos duas ocasiões recentes, as famílias de Laisa Santos Sampaio, irmã de Maria do Espírito Santo, e Claudelice Silva dos Santos, irmã de Zé Cláudio, sofreram ameaças e tiveram os terrenos invadidos. No último episódio, tiros foram disparados próximo à casa de Laísa, atingindo o cachorro da família.
O procurador Tiago Rabelo, de Marabá, recorreu ao Tribunal Regional Federal da 1ª Região, em Brasília, para que seja reconhecida a competência da Justiça Federal para atuar no caso. Para o MPF, o motivo dos assassinatos foi a invasão de grileiros em lotes do assentamento e, como as terras são da União, o caso deve tramitar na esfera federal.
O recurso foi enviado para o TRF1 no dia 05 de agosto, mas até agora o tribunal não distribuiu o caso para um dos desembargadores federais. Só depois da distribuição o TRF poderá arbitrar a quem cabe a competência para julgar o caso de Zé Cláudio e Maria. |Portal ORM|




