Todo o staff da Alpa (Aços Laminados do Pará) esteve na quarta-feira, 1º de maio, na Câmara Municipal de Marabá, onde o presidente da empresa, José Carlos Soares, reafirmou o compromisso da Vale em construir em Marabá uma siderúrgica para produção de chapas de aço.
A ida de José Carlos e dos outros 29 funcionários da empresa ao Legislativo se deve a uma informação alardeada pela vereadora Irismar Sampaio há cerca de 20 dias na própria Câmara, dando conta de que o deputado federal Wandenkolk Gonçalves teria dito em Brasília que a Vale iria retirar o projeto Alpa de Marabá e levar para outra região. À época, ao ficar sabendo da discussão, o próprio José Carlos ligou para o presidente da CMM, Nagib Mutran, pedindo espaço para esclarecer os fatos.
Ao usar da palavra, José Carlos lembrou que a implantação da Alpa em Marabá foi antecedida por um rigoroso estudo de viabilidade e que a Vale não tem motivos para retirar o empreendimento desta cidade, uma vez que a produção servirá ao mercado interno, e não externo. “Ela só seria inviável aqui se a produção fosse para atender o mercado externo. Dessa forma, a siderúrgica precisaria ficar próximo ao mar”, ressaltou.
José Carlos ressaltou que a produção da Alpa já foi viabilizada a partir da associação da Vale com a Sinobras, constituindo o projeto Aline. “Atualmente, a Sinobras importa R$ 1 milhão de toneladas de matéria prima e vai passar a comprar a produção da Alpa para a laminação.”, observou.
Por outro lado, José Carlos explicou que até agora só há garantia para aquisição de 1 milhão de toneladas de placas, embora a Alpa vá produzir 2,5 milhões do produto. “Precisamos procurar compradores para mais 1,5 milhão de toneladas, e é por isso que estamos estimulando a criação de um polo metal-mecânico em Marabá. “Precisamos atrair empresas que venham para cá, consumam o aço e gerem emprego e renda para a região”, sustentou.
Segundo José Carlos, a Oyamoto já sinalizou com a possibilidade de implantar em Marabá uma fábrica de vagões; outras avaliam a construção de uma fábrica de gôndolas de supermercado, e a Honda já pensa em comprar produtos da Alpa para serem levados para Manaus através da hidrovia Araguaia-Tocantins. “Nosso principal desafio é, ao invés de exportar 1,5 toneladas de placas, laminarmos todas elas aqui em Marabá e comercializar no mercado interno”, ressaltou.
O diretor-presidente da Alpa fez questão de apresentar, um a um, os 29 funcionários da Aços Laminados que já atuam em Marabá, e garantiu que até o final deste ano vai duplicar esse número, sempre privilegiando a mão de obra local e pessoas que já atuam na região. “Entre as empresas contratadas, 70% são de funcionários locais e 30% são de outras regiões”, garantiu, dizendo que as próximas empresas que vieram atuar nas obras de construção da siderúrgica terão de contratar todo o pessoal em Marabá e região.
Raul Rolim Júnior, responsável pelas construções da Alpa, disse que a U&M, empresa responsável pela terraplanagem, já efetuou 60% das obras e até o final do ano esta etapa estará concluída, devendo iniciar as obras físicas. “Até agora já foram investidos cerca de 50 milhões de dólares em terraplanagem e deverão ser gastos mais 25 milhões”, revelou Rolim.
Ele informou que há uma equipe de engenheiros atuando no Rio de Janeiro contratando equipamentos no Brasil e em outros Países para instalação da Alpa. Aqui, a partir de setembro deverá ser contratada uma empresa para construção de alojamentos para os funcionários.
Por sua vez, Façanha Pinheiro, responsável pelo setor de Recursos Humanos da Alpa, observou que já foram formadas mais de 5.700 pessoas em Marabá para atuar nas áreas de terraplanagem, construção civil, metal-mecânica, transportes e serviços, e a meta da empresa é chegar ao número de 12 mil pessoas de Marabá preparadas para atuar para a Alpa.
Eloiso Araújo, da área ambiental, ressaltou que a Vale trabalha para garantir o cumprimento das condicionantes da Alpa e por isso está auxiliando o município em várias áreas, como saúde, educação, transporte e meio ambiente. “Temos três anos para cumprir essas condicionantes e a empresa está empenhada em apoiar a gestão municipal”, garantiu Eloiso, anunciando que a Vale está estudando a possibilidade, junto com a Polícia Militar e Secretaria de Segurança Institucional, de instalar várias câmeras na cidade para ajudar a identificar possíveis praticantes de crimes.
Ao final, os vereadores fizeram vários questionamentos sobre o projeto da Alpa e pediram que a empresa faça um pouco mais do que o que está escrito nas condicionantes, como ampliação do Hospital Materno Infantil, uma vez que está prevista apenas reforma daquela maternidade. José Carlos disse que alguns dos pedidos serão revistos e posteriormente vai enviar um relatório à Câmara com as respostas aos questionamentos. (Ulisses Pompeu – Correio Tocantins)




