
A recente reforma administrativa publicada pelo Executivo municipal nesta terça-feira (14) trouxe mudanças significativas na estrutura pública da capital. A Medida Provisória nº 10/2025, que prevê fusões de secretarias e readequações de cargos, chamou atenção não apenas pelo enxugamento da máquina pública, mas, principalmente, pela extinção da Secretaria Municipal da Mulher — e pela manutenção da Secretaria de Proteção e Bem-Estar Animal, chefiada por Gabriela Siqueira Campos, filha do prefeito.
A decisão provocou questionamentos sobre prioridades e coerência administrativa. A Secretaria da Mulher, criada para formular políticas de combate à violência de gênero e promover a equidade, deixa de existir em um momento em que o Tocantins figura entre os estados com altos índices de feminicídio e de vulnerabilidade feminina, segundo dados recentes do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Especialistas ouvidos por veículos locais apontam que o encerramento da pasta representa um retrocesso institucional e enfraquece as políticas públicas voltadas à proteção e à autonomia das mulheres.
Enquanto isso, a permanência da Secretaria de Bem-Estar Animal, que não figura entre as pastas essenciais à administração pública e é comandada por uma parente direta do gestor, gerou suspeitas de favorecimento e críticas sobre prioridades políticas. A medida também levanta questionamentos sobre critérios técnicos e éticos na definição das secretarias mantidas. Se o objetivo era reduzir custos e otimizar a estrutura, por que extinguir uma secretaria voltada a direitos humanos e preservar outra de menor impacto social direto?
A ausência de uma explicação detalhada sobre a escolha reforça o debate sobre transparência, planejamento e equidade na gestão pública. Embora a administração defenda a reforma como medida de economia e eficiência, a extinção da Secretaria da Mulher expõe um paradoxo: a busca por modernização institucional que, ao mesmo tempo, elimina um espaço crucial de defesa e representatividade feminina. Para muitos observadores, o caso sinaliza não apenas uma reestruturação administrativa, mas também uma mudança de prioridades que pode custar caro à imagem da gestão perante a sociedade.




