Durante a visita do Jornal do Tocantins ao Hospital Geral de Palmas (HGP), realizada na tarde de ontem, foi possível constatar que os problemas continuam no maior hospital público do Estado. Familiares e pacientes reclamaram da demora no agendamento de exames, da falta de limpeza nos banheiros e no piso da Sala Azul (onde os pacientes aguardam diagnóstico), climatização ineficiente também na Sala Azul e até a denúncia de um paciente que recebeu medicação errada e afirmou ter sido humilhado por um enfermeiro da unidade. Foi possível verificar ainda o grande número de pacientes alojados em macas nos corredores do hospital.
O técnico de enfermagem Raphael Rodrigues Torres, 19 anos, que é portador de anemia falciforme – doença hereditária que causa a malformação das hemácias -, internado há três dias no HGP para tratar de uma úlcera na perna, contou que na noite da última terça-feira uma enfermeira trocou o seu medicamento com o de um senhor que estava com pneumonia. ”Pelo nome vi que a medicação não era indicada para o meu caso, pois sou técnico da área e conheço o remédio, e mesmo eu falando para enfermeira que estava errado, ela me fez fazer a inalação”, lembrou.
Segundo Raphael, ele só tomou a medicação porque sabia que não faria nenhum mal maior, no entanto, a insistência da enfermeira o fez aceitar a medicação. “Tomei para ela parar de insistir”, conta. Outra reclamação de Raphael é o atendimento de um enfermeiro que o teria constrangido durante atendimento. “Reclamei que estava doendo na hora do curativo e o enfermeiro me disse que eu não era homem, que deveria usar saias. Me senti humilhado naquela hora”, contou.
No mesmo local, na Sala Azul, outros pacientes reclamaram da falta de higiene, banheiros sujos e com mau cheiro que chegava a invadir toda a sala cada vez que a porta era aberta. “Além do calor aqui na sala, o cheiro é horrível. Não tem como se sentir bem e focar na recuperação numa situação lastimável como esta”, disse um senhor que não quis se identificar.
Direção
Em nota, a direção do HGP informou que, conforme o que é preconizado pelo o Ministério da Saúde, pacientes graves que estão nas Salas Vermelha e Amarela e pacientes internados na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) têm atendimentos prioritários em relação à marcação de exames de alta complexidade. A unidade informou ainda que as urgências que não apresentam risco iminente de morrer aguardam a marcação dos exames, conforme classificação de risco.
Sobre realização de inalação com soro fisiológico sem prescrição médica, em paciente, a nota diz que a diretoria de Enfermagem do HGP já tomou as providências no sentido de notificar o profissional envolvido, que terá que explicar quanto ao ato.
Em relação à postura inadequada de profissional da enfermagem, que, segundo a nota, teria brincado com paciente em momento inoportuno, a diretoria de Enfermagem do HGP já tomou conhecimento, e informa já foram tomadas as devidas providências.
A Pró-Saúde, responsável pelos serviços de limpeza da unidade, informou, por meio de nota, que a equipe de higienização e limpeza conta com seis profissionais atuando em dois turnos na Sala Azul. “Além desta equipe, circulam diariamente pelo hospital dois líderes verificando a correta execução dos trabalhos e a ocorrência de eventuais intercorrências”, diz a nota. Ainda segundo a Pró-Saúde, o serviço é realizado mediante um protocolo pré-determinado e de acordo com a legislação vigente. “Informamos que a situação flagrada pela equipe desse veículo de comunicação foi uma eventualidade e que a mesma já foi sanada. Por fim, salientamos que face ao grande volume de pessoas que utilizam esta área, já foram feitos estudos com vistas a aumentar o efetivo de profissionais da limpeza e também a frequência diária de higienização de cada espaço”, conclui a nota.
Mudança
O HGP foi reassumido pela Sesau no dia 20 de março passado, após quase sete meses sob o comando da Pró-Saúde, organização social contratada pelo governo do Estado por R$ 258 milhões para administrar 17 dos 19 hospitais públicos do Estado. (Jornal do Tocantins)




