
Após denúncias de que um homem estaria se passando por um treinador de futebol, para aplicar golpes em adolescentes e crianças de Belém e Paragominas, deputados ouviram, na tarde desta quinta-feira (8), mães e garotos, na Assembleia Legislativa do Pará. O homem, conhecido como ‘Juan’, fazia a promessa de levar os jovens a grandes clubes nacionais para realizar o sonho de jogar futebol.
A mãe de um dos adolescentes, Nelita Lima, chegou a investir mais de R$ 1 mil para realizar o sonho do filho. ‘O mais difícil é trabalhar um mês inteiro, deixar de pagar as dívidas para investir no sonho de um filho e no final ser enganada. Eu ganhei um presente no Dia Internacional da Mulher, a esperança de que o ‘Juan’ será preso e pagará pelo crime’.
Para o deputado estadual, Edmilson Rodrigues, a presença das vítimas é muito importante para o andamento do caso. ‘Elas foram exemplares em denunciar. Acreditamos que muitas não quiseram se pronunciar, por saberem que seus filhos passaram por constrangimentos sexuais’, ressalta.
Ainda segundo o deputado, nomes importantes do futebol brasileiro e paraense foram citados pelo falso treinador. ‘Este homem citou o nome de um jogador do Paysandu, o nome de um presidente de um grande clube nacional, além de nomes políticos como patrocinadores’, diz Edmilson.
O nome das pessoas citadas foi preservado. Elas devem ser chamadas para prestar esclarecimentos a partir da próxima semana.
Entenda
O ‘conto da bola’ é antigo. O golpista se passa por agente de futebol, promete futuro na carreira, pega o dinheiro e desaparece, deixando as vítimas ao léu. A medida que a data para viagem se aproximava, os treinos se intensificaram. Em janeiro e fevereiro, as sessões de treinamento, segundo os atletas, eram de 8h30 às 12h30 e, pela tarde, de 14 às 17 horas.
O ônibus para o Rio de Janeiro partiria, primeiramente, no dia 11 de fevereiro, levando os jogadores ao teste de divisões de base do Vasco, que aconteceria, no campo Caio Martins, em Niterói, região metropolitana do Rio de Janeiro. Segundo Nelita, Luiz Carlos cobrou uma taxa de mínima de R$ 200,00 para cada atleta.
Se um responsável fosse acompanhar a viagem, a taxa subia para R$ 250,00, sendo que em alguns casos chegou a cobrar R$ 500,00. ‘Ele pediu o dinheiro, mas não deu recibo. Dei R$ 250,00, além dos gastos com roupas e material esportivo, o que, ao todo, chegaram aos R$ 600,00’, revelou a mãe.
No caminho para o Rio de Janeiro, o ônibus dos atletas passaria na cidade de Paragominas, sudeste do Estado. Lá se juntariam ao grupo mais quatro jogadores, que chegaram a treinar em Belém, sendo que apenas eles investiram R$ 2.200,00 para a viagem. ‘Sei que o valor total seria de uns R$ 33 mil. Iríamos ficar de 10 a 15 dias no Rio de Janeiro’, complementou Nelita, ao lado do filho que concordava com as denúncias.
Com a viagem cancelada, uma nova excursão foi marcada para o dia 29 de fevereiro, já que o primeiro jogo do time aconteceria na última sexta-feira (2). ‘Ele (Luiz Carlos) contava que o meu filho e os demais jogadores já estavam com contrato fechado, ou seja, ficariam mesmo no Vasco. Ele não demonstrou em nenhum momento que se tratava de um golpe’, lamentou Nelita. O último contato foi no dia da viagem, quando os adolescentes e os pais aguardaram ao longo da rodovia Augusto Montenegro, das cinco às 10 horas, a chegada do ônibus do treinador. Foi quando caíram em si. (Portal ORM)




