Será a primeira vez na história que Independente e São Paulo se enfrentarão. O jogo acontece nesta quarta-feira, 7, às 22 horas, no Estádio Mangueirão. O inédito encontro, válido pela primeira rodada da Copa do Brasil desse ano, acontece graças aos critérios da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) de colocar, na primeira fase do torneio, um confronto de times consagrados contra equipes novas no cenário nacional.
Debutante na competição, o Galo Elétrico, no seu quarto ano de existência, ganhou sua vaga com méritos ao conquistar o primeiro título paraense do ano passado. Já o Tricolor Paulista é um veterano, ocupa a nona posição do ranking da CBF e o favoritismo para a partida de mais tarde. A justificativa da entidade máxima do futebol brasileiro para esses jogos inusitados é da visibilidade que a equipe considera menor pode ganhar. Muitos críticos dessa política e alegam que o critério não passa de uma forma de favorecer os times de maior tradição.
O fato é que desde que chegaram a capital paraense, os jogadores do São Paulo só falam em fazer dois gols de diferença para não forçar o jogo de volta no Morumbi. “Se depender de mim, eu quero estragar a festa deles”, afirmou o atacante Luis Fabiano na noite do desembarque em Belém. Fabuloso, por sinal, é a principal novidade do time comandado por Emerson Leão. Depois de um mês afastado dos campos, ele deve retornar justamente no jogo contra os paraenses.
“É um jogador de seleção, que já fez gol em Copa do Mundo. Claro que preocupa!”, enfatiza o meia Gian, do Independente. E é dessa forma, na humildade, que o Galo pretende ganhar a tal visibilidade prometida pela CBF. “Eu acredito no nosso time”, confia o técnico Válter Lima que, no último treino, ainda parecia incerto quanto a qual esquema tático utilizar: 4-4-2 ou 3-5-2. “Nós temos que trabalhar todas as possibilidades aqui no treinamento, para que no jogo não temos que improvisar. É a pior maneira de jogar”, justifica.
Apesar disso, sabe-se que o treinador não deve alterar a base que vem jogando no Parazão. Aliás, seis jogadores ainda são remanescentes da primeira vez que o Galo pisou no Mangueirão para se sagrar campeão paraense. Será que a superstição pode falar mais alto do que a tradição nesse primeiro confronto da história de Galo e São Paulo?
“Queremos ganhar de 1 a 0, pelo menos”
Fim do treino. Gian retira as chuteiras dos pés, observo-o. Hoje, logo mais, às 22h, vai ser como calçá-las pela primeira vez. “Vamos jogar como um franco atirador”, diz o meia-atacante.
Ele é um dos que chamam mais atenção no treino: ainda é reconhecido pelos repórteres de fora da cidade como aquele jogador campeão mundial pela seleção Brasileira sub-20 em 93, além da Taça Libertadores da América em 1998, de três títulos cariocas e um Brasileirão, mesmo sendo reserva na maioria das vezes. Todos com a camisa Vasco da Gama (RJ). “Será um dos seus últimos jogo da carreira, Gian?”, indaga um jornalista.
Aos 37 anos de idade, Gian, de fato, já pensa em se aposentar esse ano. Mas, engana-se quem não acredita que ainda exista tempo para um novo desafio na carreira, assim como foi ano passado, quando conquistou o inédito título de campeão paraense pelo Independente.
“É o meu maior desafio vestindo a camisa do Independente.”, ensina ele aos companheiros como Lima, Ádson, Silva, Romarinho e Cafú, que, ao contrário do veterano jogador, enfrentam, pela primeira vez, uma equipe do porte do São Paulo. “Tudo se define dentro do campo. A história está aí para ser contada”, deseja Gian. Calçar as chuteiras pode significar caminhar para escrever o nome na história. “A gente quer ganhar pelo menos de 1 a 0 para poder sonhar”, confessa.
São Paulo treina no Mangueirão
O São Paulo realizou um leve treino tático na tarde de ontem no Mangueirão, palco da sua estreia na Copa do Brasil. Durante quase duas horas, o técnico Emerson Leão e os jogadores reconheceram o gramado com troca de passes e alguns lances de finalizações. Na entrevista coletiva, o treinador preferiu não revelar a equipe que enfrenta o Independente.
“Choveu muito aqui hoje (ontem), por isso o campo tava muito pesado e tive que poupar os jogadores”, justificou, ressaltando a opção pelo mistério. “A escalação está pronta, mas vamos divulgar minutos antes da partida. Não conhecemos o adversário, então, por motivo de informação, precisamos fazer isso”, expôs Leão.
Apesar de não conhecer o Galo Elétrico, o treinador do tricolor desmistificou qualquer alcunha de time pequeno. “Time só é pequeno depois que o grande ganha. No futebol, é preciso está atento a isso e entrar com força máxima”, disse. E essa força máxima pode significar a formação com três atacantes: Lucas, Fernandinho e Luís Fabiano, que retorna depois de quase um mês parado se recuperando de estiramento na coxa direita.
E se por um lado, Luis Fabiano não tem boas lembranças da sua última passagem por Belém, por ter perdido para o Paysandu em 2003, o time paulista tem duas compensações: o lateral Cortez e o atacante Lucas vestiram a camisa da seleção brasileira no amistoso contra a Argentina ano passado. “Fico feliz de poder voltar. As pessoas puderam conhecer melhor o futebol do Cortez, onde fui muito bem com a camisa da seleção. Espero fazer o mesmo no São Paulo”, deseja Cortez. (Diário do Pará)
