Buzinas, gritos, palavrões e um pequeno engarrafamento. É a rotina de quem trabalha ou se dispõe a trafegar pelas ruas que envolvem o maior e mais antigo centro de compras de Imperatriz, o Mercadinho. A confusão diária foi causada ontem por um caminhão que parou entre outros dois, fechando o único espaço que ainda restava para o complicado fluxo de veículos. O caos foi acompanhado pelo Correio Popular.
Sem explicação aparente, o caminhão iria descarregar a mercadoria às 9 horas da manhã sem se importar com quem precisava, por opção ou necessidade, passar pelo local. Após 8 minutos de muito xingamento, fotografias (tiradas pela reportagem) e a ameaça de polícia, a rua foi desobstruída e os veículos puderam seguir. A infração ocorreu na Rua Paraíba, entre Aquiles Lisboa e Benedito Leite.
Já na Rua Benedito Leite, entre as ruas Pernambuco e Ceará, o trânsito é de completa liberdade, os condutores, comerciantes e motoristas fazem o que bem entendem. Os feirantes ocupam boa parte da rua com barracas e carros – grandes e pequenos – estacionam em fila dupla carregando e descarregando mercadorias a qualquer hora. Ruas sem faixa de pedestres ou semáforos obrigam as pessoas a redobrar a atenção e correr para alcançar o outro lado. De qualquer forma, colocam a própria vida em risco.
A aposentada Maria esperou quase 3 minutos para atravessar a Rua Benedito Leite. Quando incentivada a passar para o outro lado, deu duas longas olhadas para os lados e desabafou: “todo dia é assim, a gente tem que ter cuidado ou morre aqui mesmo. Ninguém está nem ai! Eles (motoristas) passam como loucos e não respeitam a gente”.
Ainda na Benedito Leite, um flagrante absurdo: um homem sem capacete pilotando uma moto Traxx 50 numa velocidade considerável. Porém, o maior espanto foi quando ele passou em frente a um Policial Militar e foi sequer advertido verbalmente. O PM ignorou a infração e os gestos das pessoas que apontavam para o condutor sem o principal item de segurança dos motociclistas.
De pequeno, o Mercadinho possui apenas o nome. Diariamente milhares de pessoas de Imperatriz e região compram, vendem e negociam seus produtos no local. Além dos vendedores ambulantes, grandes empresas do setor atacadista estão instaladas no setor. Estas também possuem enorme parcela de culpa no caos do trânsito, já que permitem que caminhões façam carrego e descarrego de mercadorias, às vezes em fila dupla, a qualquer hora do dia.
Maior concentração por metro quadrado de ambulantes que a Rua Benedito Leite, só mesmo a Rua Aquiles Lisboa (entre Rio Grande do Norte e Pernambuco). Neste trecho está concentrada grande quantidade de depósitos de verduras e legumes, além de um abrigo para estacionamento de carroças. Quem precisa passar pelo local tem de preparar o lado emocional para o grande desafio.
É o caso do mototaxista Francisco Freitas Andrade. Para ele, o trânsito é mal organizado e, por não ter fiscalização e punições, as pessoas agem como querem. “Trabalhar num trânsito complicado como esse é um sacrifício. É muito difícil você entrar numa rua e depois ter que voltar na contramão porque os caminhões descarregam em pleno horário de pico, mas isso acontece porque não tem fiscalização, ninguém é multado”, reclamou.
Por falta de locais para estacionar, as motos ocupam as calçadas e obstruem o caminho destinado aos pedestres. Entre os comerciantes, existem aqueles que demarcam com cones o espaço de estacionamento em frente ao estabelecimento apenas para garantir aos caminhões que façam a descarga na porta da própria loja. Essa prática, porém, é proibida pelo Código Nacional de Transito, mas, sem fiscalização, a infração é repetida dezenas de vezes por dia. Durante o período em que a reportagem esteve no local, nenhum agente da Secretaria de Trânsito do Município foi visto no local, apenas a PM em suas rondas periódicas. O Correio Popular tentou contato com o secretário J. Ribamar, mas ele não atendeu as ligações e até o fechamento desta matéria não retornou os telefonemas. (Ronie Petterson – Correio Popular)




