O Ministério Público Estadual denunciou os quatro policiais militares que atiraram contra o delegado da Polícia Civil, Marivan da Silva Souza. A ação agora será analisada por um juiz, que pode aceitar ou não a denúncia. O caso aconteceu no dia 28 de outubro, no momento que os militares procuravam assaltantes de um carro-forte, em Guarai.
A denúncia é contra os policiais Cleiber Levy Gonçalves Brasilino, João Luiz Andrade da Silva, Thiago Mariano Duarte Peres e Frederico Ribeiro dos Santos. O advogado do soldado João Luiz, Indiano Soares, disse que vai apresentar defesa e tentar desclassificar a denúncia pois, para ele, o processo deve ser julgado na Justiça Militar. Ele entende ainda que o caso não deve ser tratado como tentativa de homicídio.
No documento, o MPE afirma que eles praticaram tentativa de homicídio, usando de meio que resultou em perigo comum, já que os tiros foram disparados na rua, mediante recurso que dificultou a defesa da vítima. A promotoria ainda pede que eles sejam julgados pelo Júri Popular.
A denúncia pede ainda que o crime seja considerado hediondo, já que os tiros foram disparados contra um integrante da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela.
O promotor Cristian Monteiro relata na ação que os policiais estavam na região de Guaraí desde o dia 27 de outubro em busca de assaltantes que roubaram um carro-forte na BR-153, perto de Presidente Kennedy. Eles procuravam um homem que seria o principal mandante do assalto, conhecido como Juninho Nicolau, o qual trafegava em um veículo de cor branca.
Durante as buscas, os policiais estavam sem farda em uma caminhonete descaracterizada e armados com fuzis calibre.223. Em um determinado momento, eles viram um veículo, também de cor branca, sendo conduzido pelo delegado.
Os militares, então, começaram a perseguição, que aconteceu por mais de 15 km. Os tiros foram registrados na avenida Bernardo Sayão, da cidade de Guaraí. Conforme consta na denúncia, os veículos estavam em uma velocidade de 30 km/h a 50 km/h e a uma distância de 15 metros a 25 metros um do outro.
Segundo o MPE, em nenhum momento qualquer dos militares ordenou que a vítima parasse ou encostasse o veículo. Foram efetuados quatro disparos contra o delegado.
A vítima disse que no momento ouviu um som parecido com um estouro de pneu e percebeu que estava sangrando. Resolveu parar para ver o que tinha acontecido. Foi quando os militares se aproximaram e, armados, pediram que o delegado descesse do carro com as mãos na cabeça.
Segundo o promotor, “os acusados agiram contrariamente ao que regula o procedimento operacional padrão da Polícia Militar do Estado do Tocantins, bem como a vítima em nenhum momento deu razões para o ato hediondo dos acusados”.
Prisão
No dia 29 do mês passado, o juiz plantonista Ciro Rosa de Oliveira decretou a prisão dos policiais. Segundo ele, o objetivo era evitar que os militares destruam provas e interfiram no depoimento de testemunhas.
Eles deixaram a cela do Quartel do Comando Geral no dia 14 de novembro. A decisão foi da juíza Célia Regina Regis, que entendeu que não havia risco dos militares interferirem no andamento da investigação. Ela negou o pedido da defesa dos PMs para que o caso fosse transferido para à Justiça Militar.
Baleado
O delegado foi baleado com três tiros e acabou perdendo parte da orelha. “Estava andando devagar na avenida, não estava correndo, até porque o trânsito estava movimentado, quando ouvi um barulho. Encostei o carro e saí, só depois percebi que tinha sido baleado. Me falaram para deitar no chão e apontaram as armas. Aí falei que eu era delegado. Eu estava desarmado”, relatou ele na época. (G1)




