Uma guerra entre traficantes de drogas e milicianos fez disparar os assassinatos de policiais militares e de civis no Pará em 2018.
Foram 21 PMs mortos até esta terça (1º), mais do que os 25 assassinatos durante todo o ano de 2017. Em comparação, no Rio de Janeiro, sob intervenção federal na área de segurança, foram mortos 38 PMs em 2018.
Houve, ainda, 686 mortes violentas apenas em janeiro e fevereiro, segundo dados obtidos via Lei de Acesso à Informação pelo projeto Monitor da Violência, parceria do G1 com o Núcleo de Estudos da Violência da USP e o Fórum Brasileiro da Segurança Pública. O total coloca o estado como um dos três que mais matam no país. Questionado, o governo do Pará não informou a quantidade de assassinatos no estado em 2018.
O capítulo mais recente começou na tarde de domingo (29), com a morte a tiros da cabo da PM Maria de Fátima Cardoso, em Ananindeua, na Grande Belém. Ela vinha sofrendo ameaças de morte. Nas horas seguintes, o Governo do Estado confirmou 25 pessoas assassinadas, também na região metropolitana — dez no domingo, quinze na segunda (30). Os casos seguem sob investigação.
Na manhã desta terça, a Secretaria de Segurança Pública do Pará (Segup) confirmou ainda que entre e 6h30 desta terça-feira (1º), mais três pessoas morreram. Uma no bairro do Paar e um duplo homicídio no bairro do Curuçambá, todos em Ananindeua e vítimas de arma de fogo.
Padrão
Trata-se de um padrão recorrente, diz Armando Brasil Teixeira, promotor do Ministério Público Militar do Pará: à morte de um policial militar seguem-se assassinatos de civis com indícios de execução –tiros na cabeça, por exemplo.
Só em 2018, houve, incluídos os casos de domingo e segunda-feira, quatro séries de mortes horas depois do assassinato de policiais militares, todas na Grande Belém. Ao todo, foram seis PMs mortos e um guarda civil. Na sequência, 56 pessoas.
O governo, oficialmente, não faz relação entre os casos, embora tampouco descarte que isso aconteça. Os crimes seguem sob investigação.
‘Guerra’
Segundo Teixeira, as mortes são reflexo de uma disputa entre traficantes ligados ao Comando Vermelho e milícias com a participação de policiais e outros agentes de segurança –que agem tal qual como Rio de Janeiro. E não necessariamente, afirma, as vítimas têm relação com um dos lados da disputa
As mortes de policiais são determinadas por telefone a partir de prisões no Pará, afirma. Ele abriu inquérito no Ministério Público Militar para apurar os assassinatos de PMs, área de sua competência. Já os homicídios de civis estão a cargo de apuração da Polícia Civil.
Em setembro, a Secretaria de Segurança Pública do Pará fez operação contra milícias e deteve policiais militares e civis. O grupo era suspeito de atuar em chacinas na Grande Belém.
O promotor criticou o governo por uma política “omissa” em relação à segurança pública.
O que diz a secretaria
Questionada sobre as mortes no Pará, a secretaria diz terem sido “traçadas novas medidas para enfrentamento da criminalidade no estado, especialmente na região metropolitana de Belém”. Entre as ações estão aumentar o policiamento em áreas de grande incidência criminal da Grande Belém, para conter os homicídios e o tráfico de drogas. (G1)




