O senador Jader Barbalho, presidente estadual do PMDB do Pará, disse nesta terça-feira, 29, em entrevista ao jornalista Mauro Bonna, apresentador do programa Argumento, da RBATV, que a retirada do PAC II das obras de derrocamento do Pedral de São Lourenço, que viabilizaria a navegação durante todo o ano pela hidrovia Araguaia/Tocantins, “é um ato de irresponsabilidade do governo federal e quem diz isso é um aliado do governo”.
“Não estamos pedindo para colocar essa obra no PAC, estamos surpresos pelo governo ter retirado ela do PAC”, afirmou o senador, que disse que vai marcar audiência com a ministra do Planejamento, Miriam Belchior, “e se possível até com a presidente Dilma”. Ele contou que, como não recebeu resposta da carta que enviou à presidente, foi obrigado a fazer um pedido de esclarecimento à ministra pela mesa do Senado para que ela finalmente confessasse que a obra, de fato, tinha sido retirada do programa de obras prioritárias do governo. “É um absurdo o governo ter escolhido a obra como prioritária e depois retirar”.
Segundo ele, sem as obras de derrocada do rio Tocantins, as eclusas de Tucuruí, previstas desde o projeto inicial da hidrelétrica há 30, 40 anos, mas que só saíram do papel com a sua intervenção e já no governo Lula, viraram um “elefante branco”.
União
Ele conclamou a classe política, os empresários, a academia e a imprensa a se unirem em defesa do empreendimento, que vai aumentar a arrecadação do Estado, sugerindo que sejam feitas audiências públicas para “manifestarmos a nossa insatisfação”. O senador também criticou o fato de o Ceará estar querendo montar uma siderúrgica com o ferro do Pará. “Não é possível nos conformarmos de o Ceará levar o nosso ferro para fazer chapa de aço lá”, disse. “Temos que nos unir, protestar e reverter essa situação”.
Sobre o Fundo de Participação dos Estados (FPE), Jader disse que o prazo de cinco meses que o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, deu para que o Congresso decida sobre o fundo “é de natureza política”, uma “delonga não é gratuito” e defendeu a manutenção do fundo como está hoje, com 85% dos recursos destinados aos estados do Norte, Nordeste e Centro Oeste. “Devemos fazer tudo para manter essa compensação”.
Segundo o senador, “eles (os estados do Sul e Sudeste) endividam o Brasil” porque importam mais do que exportam, ao contrário do Pará, que é superavitário. Para ele, o Congresso se omitiu até agora por causa da força política de estados como São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, cuja representação é muito maior do que a dos estados do Norte.
Jader afirmou que é também por causa dessa força política dos estados do Sul que a Lei Kandir ainda não caiu. O senador afirmou que, “se houvesse um critério justo, São Paulo não poderia ter o tratamento que tem porque importa mais”.
Sobre a eleição da mesa da Assembleia Legislativa, o senador defendeu a candidatura de Martinho Carmona (PMDB), disse que “ficaria feliz com a possibilidade de um entendimento”, mas que não houve acordo nem conversa com o governador sobre isso.
Ele afirmou que existia a possibilidade de um acordo em que no primeiro biênio o PSDB presidiria a Assembleia e o PMDB no segundo biênio, mas “formalmente não existe esse acordo, isso não ocorreu”. Para ele, entretanto, esse é um assunto interno da casa. “Que as bancadas façam o jogo político e escolham o melhor”.
Eleições
Sobre as eleições do próximo ano, Jader advertiu que “quem projeta a eleição de 2014 considerando a eleição municipal não conhece de política”. O senador disse que “não estou torcendo para enfraquecer aliado”, mas lembrou que venceu a eleição em seu segundo governo com o apoio somente de um prefeito. Já o ex-senador Jarbas Passarinho, que ele apoiou para sucedê-lo, tinha 84% das intenções de voto e o apoio da quase totalidade dos prefeitos, mas acabou derrotado por Almir Gabriel que só tinha 10% das intenções de voto. (Diário do Pará)




