A chamada Margem Equatorial, área que vem sendo chamada de novo pré-sal brasileiro, já tem rendido bons frutos para a Guiana. O país foi o 1º a descobrir petróleo na região, ainda em 2015, pela norte-americana ExxonMobil. Nestes 8 anos, foram vários outros anúncios de óleo encontrado, com volumes significativos. O país atualmente já tem uma reserva que totaliza 11 bilhões de barris.
Trata-se de aproximadamente 75% da reserva total de petróleo do Brasil atualmente, que totaliza 14,8 bilhões de barris, incluindo as descobertas no pré-sal. O país vê alto potencial na região equatoriana, já tendo leiloado a concessão de 42 blocos de exploração na área. Porém, pela falta de licenciamento ambiental para avançar as pesquisas, esses projetos estão em banho-maria.
A Margem Equatorial é uma região em alto-mar que se estende da Guiana ao Estado do Rio Grande do Norte, no Brasil. Apenas a Guiana Francesa ainda não explora petróleo na área. Enquanto o Brasil ainda engatinha na região, a Guiana e o Suriname já nadam de braçada.
No Suriname, a 1ª descoberta foi em 2020. Em 3 anos, foi provado o potencial de extração de 4 bilhões de barris, cerca de 27% da reserva brasileira.
Como as descobertas nos 2 países foram recentes, a produção comercial ainda engatinha. Isso por causa do longo processo que existe entre a exploração e a produção, como a aprovação por órgãos reguladores de cada país, contratação e construção de plataformas e licenciamento ambiental. No Suriname, a 1ª plataforma só deve iniciar as operações de 2025.
A Guiana iniciou a extração de óleo em 2019. A partir de então, já ganhou 2 plataformas e produz atualmente 375 mil barris de óleo equivalente (boe) por dia. Outras 2 unidades devem entrar em operação até 2025.
A meta da ExxonMobil é elevar essa produção para 1,2 milhão de boe por dia até 2027. Para efeitos comparativos, em junho, o Brasil produziu 3,2 milhões de boe/dia.
Brasil tem ampla lista de investimentos para a região
A porção brasileira da Margem Equatorial é formada por 5 bacias sedimentares –um tipo de formação rochosa que permitiu o acúmulo de sedimentos ao longo do tempo. As bacias são:
- Foz do Amazonas, localizada nos Estados do Amapá e do Pará;
- Pará-Maranhão, localizada no Pará e no Maranhão;
- Barreirinhas, localizada no Maranhão;
- Ceará, localizada no Piauí e Ceará;
- Potiguar, localizada no Rio Grande do Norte.
Dos 42 blocos na região que já foram concedidos pela ANP (Agência Nacional de Petróleo e Gás Natural), 11 deles devem receber R$ 11 bilhões em investimentos nos próximos 5 anos. Trata-se de um valor mínimo para a exploração, que pode aumentar expressivamente caso sejam superados os entraves com licenciamentos ambientais existentes. O último poço perfurado para exploração na região foi em 2015, pela Petrobras.
Com esse número, a região concentra o maior volume de blocos exploratórios do país. A fase de exploração consiste em estudos e perfuração de poços para comprovar potenciais reservas de óleo e gás. Depois dessa fase, é analisada a viabilidade comercial de produzir, de acordo com o tamanho da reserva. Só depois é iniciada a produção nos campos.
Um dos principais projetos que aguarda aprovação é o do bloco FZA-M-59, localizado na Bacia da Foz do Amazonas. A Petrobras tem buscado aval para seu navio-sonda perfurar poços na região e seguir as pesquisas em busca de comprovar as reservas. A licença ambiental foi negada em maio pelo Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis).
A licença ambiental se refere a um teste pré-operacional para analisar a capacidade de resposta da Petrobras a um eventual vazamento. A petroleira enviou mais documentos e pediu uma nova avaliação pelo instituto. No entanto, ainda não há um prazo para que essa análise seja feita.
Alvo de ambientalistas, o projeto tem como uma das polêmicas centrais uma confusão sobre o nome da bacia sedimentar que foi dado pela ANP. Embora o bloco esteja localizado na Bacia da Foz do Amazonas, ele não fica próximo da foz do rio Amazonas. A área onde seria perfurado o poço de petróleo se encontra a 500 km de distância da foz.
A maior parte dos investimentos previstos para a região nos próximos anos devem ser feitos pela Petrobras. A empresa é operadora de 17 blocos na Margem Equatorial e tem participação em outros operados por petroleiras privadas.
No plano de investimentos 2022-2026 da estatal, estão previstos US$ 6 bilhões em investimentos de exploração, sendo 49% desse volume destinado para as bacias da Margem Equatorial. Depende, é claro, das licenças.
Outras 13 companhias atuam na Margem Equatorial brasileira, sejam como operadoras ou com participação minoritária nas concessões. Destacam-se a britânica Shell, que opera 10 blocos, e as brasileiras Enauta e Prio (PetroRio).