A confiança do grupo político ligado ao governador afastado Wanderlei Barbosa (REPU) vem se desgastando diante das promessas não cumpridas feitas pelo senador Eduardo Gomes, apontado nos bastidores como o principal fiador do retorno do republicano ao Palácio Araguaia. A informação é da jornalista Roberta Tum, que fez uma apuração minuciosa nos bastidores.
Segundo a jornalista, aliados relatam que, desde setembro, o discurso otimista de Gomes — marcado por frases como “eu resolvo”, “volta amanhã” e “volta em 72 horas” — deixou de convencer prefeitos, deputados e lideranças que aguardam, sem sucesso, avanços concretos nos processos que tramitam em Brasília. Para muitos, o senador superestimou sua influência junto ao Judiciário e criou expectativas que agora se transformam em cobrança e frustração.
Fontes próximas ao governador afastado afirmam que o acordo político firmado entre Eduardo Gomes e Wanderlei incluía não apenas o retorno ao cargo, mas um pacto para as eleições de 2026: Barbosa abriria mão de disputar o Senado, dando espaço para uma chapa liderada por Professora Dorinha ao governo, com Gomes e Carlos Gaguim na corrida pelas duas vagas ao Senado. No entanto, 84 dias após o afastamento, nem habeas corpus nem petições ganharam tração, alimentando críticas internas e abrindo espaço para adversários explorarem o desgaste. Lideranças comentam que, enquanto Gomes atribuía o atraso à Operação Nêmesis e até sugeria interferência de figuras externas, o cenário político caminhava para uma realidade oposta ao prometido.
Enquanto isso, fora do núcleo de aliados, o cenário se torna ainda mais desfavorável a Barbosa. Laurez Moreira, atual governador em exercício, tem promovido mudanças administrativas, revisto compromissos e reduzido custos, o que aumenta o contraste político entre ambas as gestões e pressiona ainda mais o ex-governador. Na Assembleia Legislativa, a pauta do impeachment ganha corpo, e apesar dos esforços do presidente Amélio Cayres para conter o avanço, cresce o entendimento de que a crise pode se tornar irreversível. Deputados como Vicente Júnior intensificam críticas públicas tanto a Wanderlei quanto a Eduardo Gomes, ampliando o isolamento político do grupo.
Diante desse contexto, aliados próximos já admitem que a renúncia pode ser a única alternativa para evitar consequências mais duras, como uma eventual inelegibilidade. Nos bastidores, cresce a percepção de que o plano articulado por Eduardo Gomes perdeu força, que o retorno prometido já não encontra respaldo e que Wanderlei, fragilizado por denúncias e pela ausência prolongada, enfrenta agora não apenas a disputa jurídica, mas a necessidade de reconstruir sua própria narrativa política para tentar preservar o capital eleitoral que ainda possui.




