A penúltima etapa de escavação feita pelo grupo de trabalho que procura encontrar e identificar as ossadas dos combatentes mortos no episódio que ficou conhecido como Guerrilha do Araguaia frustrou os integrantes da comitiva encabeçada pelo ministro da Defesa Nelson Jobim. Nenhuma ossada foi encontrada nos dois pontos de escavação. Mesmo assim, Jobim garante que os trabalhos irão continuar até que “todos os procedimentos sejam cumpridos à risca”.
“A frustração inicial serve para realinharmos esforços num segundo procedimento. Vamos continuar a pesquisar com todos os métodos juridicamente compatíveis. Não vamos recuar até chegar ao fim do caminho. Os atos futuros não podem ser influenciados pela falta de resultados dos atos anteriores. Ao contrário, devem servir de estímulo”, disse o ministro.
Em outubro, os trabalhos serão interrompidos por conta do período chuvoso, mas segundo o ministro, isso não quer dizer que as buscas serão suspensas. A intenção do Ministério da Defesa e dos membros do grupo de trabalho, é que se consiga a efetiva participação dos militares que estiveram envolvidos na terceira e última etapa da operação militar contra a Guerrilha do Araguaia. Isso porque ao longo das últimas três décadas foi levantada a hipótese de que os militares teriam feito uma espécie de operação limpeza, desenterrando corpos dos guerrilheiros e enterrando em outros locais. Um desses possíveis pontos seria na Serra das Andorinhas.
“Só com o relato desses militares é que poderemos chegar à verdadeira historia”, disse Paulo Fonteles Filho, membro do grupo de trabalho representante do Pará. Observador independente, o ex-deputado do PC do B Aldo Arantes diz que a dificuldade maior para se achar as ossadas dos guerrilheiros é porque as informações ainda são inconsistentes. “Precisamos dessas informações. A questão da Guerrilha do Araguaia cria condições para a reconciliação do Exército com a sociedade brasileira”, afirmou.
Escavações
As escavações foram feitas em dois locais diferentes. O ministro Nelson Jobim chegou a Marabá faltando cinco minutos para 11h. De helicóptero foi ao primeiro ponto, na Grota do Mutuma, em São Geraldo do Araguaia, distante 120 km de Marabá. A grota, ou riacho, está inserida atualmente na fazenda São Sebastião. Era onde funcionava o Destacamento B dos guerrilheiros, comandado pelo mítico Osvaldão. A fazenda já foi escavada anteriormente na busca dos restos mortais da guerrilheira Maria Diná, irmã de Diva Santana, uma das integrantes do comitê que acompanha os trabalhos.
“O esforço tem sido válido, mas é preciso que os militares que participaram da última ação falem, até para que a historia possa ser contada. Que eles digam: ‘queimamos, erramos, não vai acontecer mais’. Cada sepultura que cavam e não acham nada me arrasa”, disse Diva Santana, que mora na Bahia.
Na Grota do Mutuma a expectativa era para que fossem encontrados os restos de Rosalindo de Souza, o Mundico, um dos guerrilheiros cuja morte mais é envolta em mistério. Há pelo menos três versões para a morte dele. Uma diz que foi um acidente ao limpar a própria arma. A segunda versão aponta para suicídio. E a versão mais polêmica diz que ele foi justiçado pelos próprios companheiros de luta por ter se envolvido com uma guerrilheira casada. O justiçamento teria sido feito pela guerrilheira mais conhecida de toda a operação: Dina. Essa versão é apontada como a mais próxima da realidade, segundo o historiador Hugo Studart, autor de um livro sobre a guerrilha, mas é rechaçada pelos simpatizantes do movimento. “É uma versão dos militares. Não a aceitamos”, diz Diva Santana.
A sobrinha de Mundico, Naiara Souza, acompanhou a escavação. Administradora de empresa casada com um médico veterinário, Naiara saiu da Bahia para morar em Araguaina, no Tocantins. Diz que a família ainda espera por uma resposta. “Meus avós morreram sem que pudessem tirar esse peso da cabeça. Minha avó e minha mãe sempre alimentaram a esperança de que ele estivesse vivo. Quando mudei para o Tocantins, minha mãe quando vinha me visitar ficava olhando para o rio Araguaia e começava a chorar. Queremos enterrá-lo junto com os meus avós”, disse. (Diário do Pará)
SÍTIO CALDEIRÃO, O ARAGUAIA DO CEARÁ:
Prezados amigos, informamos que a SOS – DIREITOS HUMANOS, ONG com sede em Fortaleza – Ceará, ajuizou no ano de 2008 uma Ação Civil Pública na Justiça Federal contra a União Federal e o Estado do Ceará, requerendo que informem a localização exata da COVA COLETIVA onde enterraram os 1000 camponeses católicos assassinados pelo Exército brasileiro e pela Polícia MIlitar do Ceará, no GENOCÍDIO praticado no Sítio da Santa Cruz do Deserto / Sítio Caldeirão, em Crato, no ano de 1937, bem como, indenização à todas as vítimas sobreviventes e familiares.
É de pasmar que enquanto a Universidade Federal do Ceará envia pessoal para procurar os restos dos corpos dos guerrilheiros mortos no ARAGUAIA, na CHAPADA DO ARRARIPE, interior do Ceará, há uma COVA COM 1000 camponeses católicos esquecidos por serem apenas meros nordestinos.
Seria discriminação?
SDS,
Dr. Otoniel Ajala Dourado
OAB/CE 9288
Presidente da SOS – DIREITOS HUMANOS
http://www.sosdireitoshumanos.org.br