
As recentes movimentações da senadora Professora Dorinha e do deputado federal Carlos Gaguim, ambos do União Brasil, têm provocado ruído nos bastidores da política tocantinense. Pré-candidata ao governo do Estado, Dorinha tem circulado em dobradinha com Gaguim, que pretende disputar uma vaga ao Senado. A estratégia parece bem ensaiada, mas nos bastidores, a “conta” dessa aliança tem sido considerada, no mínimo, difícil de fechar — e tem gerado incômodo entre aliados e concorrentes.
O principal ponto de tensão gira em torno da ocupação de vagas na chapa majoritária. Tradicionalmente composta por quatro nomes — governador, vice e dois senadores —, a chapa desenhada por Dorinha e Gaguim já abocanharia duas posições. O problema se agrava com o detalhe de que União Brasil e Progressistas estão federados, e existe um acordo nacional que reserva a vaga de senador para o deputado federal Vicentinho Júnior (PP). Ou seja: das quatro vagas, três estariam, em tese, comprometidas com a federação UB/PP. E os demais partidos?
Republicanos, PL, MDB, PDT e outras siglas que também ensaiam participação no pleito estadual estariam, nesse cenário, relegadas ao papel de coadjuvantes. A articulação, embora legítima, desperta críticas por aparentar uma imposição de hegemonia que não dialoga com o espírito de construção coletiva tão necessário em eleições estaduais. A dúvida que paira é: essas legendas aceitarão simplesmente “bater esteira” para a dobradinha Dorinha-Gaguim?
Outro ponto que reforça a controvérsia é a postura adotada pelos dois pré-candidatos em relação a Vicentinho Júnior. Mesmo cientes de que o pepista possui o direito assegurado pela federação para disputar o Senado, Dorinha e Gaguim têm atuado politicamente como se esse espaço estivesse em aberto. O isolamento de Vicentinho nos discursos e agendas políticas levanta ainda mais suspeitas sobre a coesão interna da federação e a disposição de cumprir os acordos nacionais.
Além disso, há uma questão de viabilidade eleitoral. Em todas as regiões do Estado, Vicentinho aparece em melhor posição nas sondagens informais do que Gaguim, sendo considerado um nome competitivo frente aos atuais senadores Eduardo Gomes (PL) e Irajá Abreu (PP). Por que, então, abriria mão da vaga que já lhe pertence por direito político e que tem respaldo em números?
No cenário atual, a construção política de Dorinha e Gaguim, embora intensa e articulada, parece caminhar sobre um tabuleiro instável. A lógica matemática e estratégica da chapa ainda não convenceu grande parte da classe política, tampouco respondeu à principal pergunta: quem, além deles, está de fato sendo incluído nesse projeto? A conta, por enquanto, continua sem fechar.




