
Um estudo realizado pelo Bolavip Brasil revelou a crescente desigualdade entre os rendimentos dos jogadores da elite do futebol brasileiro e os salários da média da população torcedora. Segundo o levantamento, um torcedor brasileiro ganha, em média, apenas 0,95% do salário anual de um jogador da Série A. A discrepância é uma das maiores do mundo, colocando o Brasil atrás apenas da Arábia Saudita, onde a diferença chega a 0,42%.
O aumento dessa distância é resultado do crescimento acelerado da remuneração no futebol profissional. Entre 2020 e 2024, o salário médio dos jogadores do Brasileirão subiu 72,27%, enquanto os rendimentos dos trabalhadores comuns não acompanharam esse ritmo. Em 2020, a média salarial dos torcedores representava 1,39% do que recebia um atleta da Série A; cinco anos depois, essa proporção caiu para menos de 1%. Com essa disparidade, um torcedor comum levaria 104 anos para alcançar o que um jogador recebe em apenas 12 meses.
O estudo comparou os dados brasileiros com outras 10 ligas ao redor do mundo. Países como Espanha (1,35%), Inglaterra (1,40%) e Turquia (1,66%) também apresentam grandes diferenças, mas nenhuma tão acentuada quanto a do Brasil, com exceção dos sauditas. Já os Estados Unidos destoam completamente: a diferença salarial entre jogadores e torcedores na Major League Soccer é de 23,23%, a menor entre os países analisados, graças a uma torcida com renda elevada e a uma liga que ainda paga salários mais modestos.
A metodologia utilizou dados do site Capology para os salários médios nas ligas nacionais e cruzou com informações de renda populacional obtidas em plataformas oficiais, como o IBGE, no caso do Brasil, e o portal Statista.com para os demais países. A comparação reforça o abismo crescente entre a realidade financeira do espetáculo esportivo e da parcela da população que sustenta o futebol das arquibancadas.