Ministério da Saúde listou quatro municípios paraenses como áreas de risco para um surto de dengue por causa da quantidade de imóveis infestados pela larva do mosquito transmissor. Belém, capital do Pará, integra o grupo das cidades em estado de alerta.
O mapa de risco leva em conta os municípios que implantaram o Levantamento de Índice Rápido de Infestação por Aedes Aegypt (LIRAa). O índice é calculado a partir da quantidade de imóveis infestados em cada grupo de cem.
É considerado satisfatório o LIRAa inferior a 1%. A variação de 1% a 3,9% já coloca o município em situação de alerta e, se o percentual ultrapassar esse limite, é configurado o risco de surto da doença.
O último mapa foi divulgado esta semana. No Pará, apenas 32 das 143 cidades dispõem desse instrumento de controle, mas a maioria delas não informou seus índices em 2010 e quinze não informaram em 2011.
Entre os que formam o grupo de risco de surto, Dom Eliseu tem o índice mais alto, de 5,5%. Em seguida aparecem Parauapebas (5,2%), Tucuruí (4,6%) e Marabá (4,3%).
Com LIRAa de 2,3% cada, Igarapé Miri e Abaetetuba puxam a lista dos enquadrados na situação de alerta. Belém aparece com 2,2%, registrando uma piora no índice de infestação em relação a 2010, quando foi registrado 1,9%.
Ananindeua tem o melhor índice satisfatório (0,7%). Abaetetuba tem o segundo (0,6%), com desempenho um pouco melhor que o verificado ano passado, quando atingiu 0,7%.
O acompanhamento da infestação é uma ferramenta importante para o controle da doença. O secretário de Vigilância em Saúde do ministério, Jarbas Barbosa, explica que os gestores podem atuar de forma mais eficaz após identificar os locais de maior infestação, traçando um plano de ação para aliminar os criadouros de mosquitos.
Os municípios paraenses mapeados no LIRAa e outros 13 receberão do Ministério da Saúde um recurso adicional de 20% sobre o repasse feito regularmente para o combate à dengue. A soma extra no Pará é de R$ 6 milhões.
O dinheiro deve ser utilizado para reforçar ações para elimiar os criadouros e dar atendimento adequado aos pacientes. A estratégia para alcançar esses objetivos exige, por exemplo, que se mantenha um número adequado de agentes de saúde.
Exige também pelo menos uma visita domiciliar feita por agente de saúde a cada dois meses e o funcionamento de uma rede de notificação e acompanhamento de suspeitas e casos confirmados.
Chuvas
A coordenadora estadual do Programa de Combate à Dengue, da Secretaria Estadual de Saúde (Sespa), Aline Carneiro, diz que é necessário reforçar as ações de combate à dengue agora por causa das chuvas, que devem se estender até abril. Em 2011, o Pará teve 29.291 casos notificados, 13.656 confirmados e 19 óbitos.
Segundo a coordenadora, o maior problema para enfrentar a doença é a falta de integração das ações de prevenção à proliferação do mosquito com a assistência às pessoas sob suspeita de infecção ou já doentes.
“A dengue é dinâmica”, adverte, ao identificar como falhas na assistência a demora na entrega de resultado do hemograma. O ideal é que não ultrapasse duas horas, mas nem todos os municípios estão estruturados para isso.
Na área da prevenção, o ideal é que os municípios elaborassem seis LIRAs por ano, mas no Brasil se faz três. A cobertura de casas visitadas também tem média de 80%, quando o certo seria alcançar 100%.
Aline afirma que em alguns municípios há o hábito de se levar a sesta até mais tarde, o que dificulta a visita dos agentes. “As pessoas se habituaram a achar que a dengue é coisa simples. As pessoas não se previnem. Pensam que é gripe, só que a evolução da dengue é muito mais rápida e pode se agravar”, alerta.
Ela diz que a expectativa é que o balanço final de 2011 apresente um quadro melhor que o de 2010. Haverá maior número menor de notificações, mas menos óbitos.
Por causa dos óbitos, Oriximiná e Pacajás foram incluídos no grupo de municípios que compõem o plano emergencial de acompanhamento feito pela Sespa. As duas cidades não integram a lista do Ministério da Saúde que receberá recursos adicionais.
Belém
A coordenadora do programa de combate à dengue da Secretaria Municipal de Saúde (Sesma), Carlene Castro, afirma que Belém permanece na zona de alerta porque a dengue está urbanizada e defende mais participação da população na prevenção.
Segundo Carlene, a Sesma treinou cerca de 250 profissionais de saúde da rede pública e privada para melhorar a assistência aos casos suspeitos ou confirmados. Foram cinco cursos em 2011. Também houve de cinco a seis ciclos de visitas domiciliares em 300 mil imóveis, mais orientação nas escolas.
A borrifação de veneno só é adotada em último caso, por causa de problemas em crianças e animais. Segundo ela, a adaptação do mosquito transmissor às condições de vida urbana permite apenas que se mantenha o controle dos casos, mas não a erradicação da doença. “A pessoa precisa olhar, pelo menos uma vez na semana, como está a calha de casa, o quintal, os vasos. É preciso ver se tem pneus, garrafas, qualquer coisa que acumule água”, diz. (O Liberal)




