O audiovisual paraense está de luto com a morte do projecionista Carlos Lobo, que faleceu domingo, aos 50 anos. O técnico tinha problemas na tireoide e não podia ser operado por conta de uma anemia. Ele esteve internado nas últimas semanas e apresentou um quadro de pneumonia. Figura conhecida no cinema local, Carlos comandava as cabines do Cine Líbero Luxardo e Cine Estação. Foram mais de 20 anos atuando na área.
“O Lobo trabalhava no Líbero desde a abertura. Ele era parceiro, apaixonado por cinema, gostava e se dedicava muito ao trabalho. Graças a ele, muita gente pode ver muitos filmes bons. Fica o agradecimento a ele que foi um dos heróis da resistência e que ajudou muito o cinema em Belém. Ele era um dos melhores profissionais na área, curioso e com uma capacidade técnica muito grande”, diz o crítico de cinema e programador do Cine Olympia, Marco Antônio Moreira.
Segundo José Augusto Pacheco, programador do Cine Estação e parceiro de trabalho de Carlos, o cinema perdeu um grande profissional. “O legado do Carlos Lobo é inestimável. Ele atuou no Cine Líbero desde a década de 1980 e também era programador do Cine Estação desde 2003. Sempre esteve ligado ao circuito alternativo, projetava muito bem em películas e também já estava preparado para o digital, era um cara muito antenado com as novas tecnologias. Tinha também uma cultura cinematográfica vasta, como poucos têm. Como fazia a revisão das cópias, ele assistiu a muitos filmes e não se limitava a apreciar, tinha um grande acervo em casa também”, revela Pacheco.
A jornalista e membro da Associação de Críticos de Cinema do Pará (Accpa), Dedé Mesquita, conta que outros profissionais realizam o trabalho de Lobo em Belém, mas ele era referência na cena cinematográfica local. “Todo mundo aprendeu com ele. Ele era uma espécie de ‘MacGyver’ do cinema, tinha o dom de consertar as coisas. Aprendi muito com ele em relação a montagem dos filmes. Ele também era um supercrítico de cinema e colocava os cartazes dos filmes que gostava na cabine onde trabalhava. Minhas lembranças são as melhores”, lamenta.
O crítico de cinema Pedro Veriano também fez a sua homenagemno Facebook. “Eu o conhecia desde a época do LL (Líbero Luxardo), quando mexia na máquina Hércules, uma bomba herdada da edificação da sala. Com o Lobo, consegui exibir filmes raros naquele espaço. Tornou-se um cinéfilo exigente. Depois, esteve também no Cine Estação e não só exibia as películas como consertava os projetores. Um autodidata ignorado pelos donos dos espaços, que jamais o admitiram como funcionário – era sempre um freelancer’”, escreveu. (Diário do Pará)




