Durante sessão na Câmara Municipal de Araguatins, nesta segunda-feira, 15, o vereador Manoel da Colônia (PDT) fez um pronunciamento que reacendeu um dos episódios mais misteriosos da história recente do município: os casos de cegueira associados ao Rio Araguaia. Segundo o parlamentar, os problemas não ficaram restritos ao surto registrado entre 2005 e 2007, mas continuariam ocorrendo até hoje. “Essa questão da cegueira, que nunca acabou aqui em Araguatins. Nunca acabou. Trabalho ali na beira do rio e vejo direto. Nego sai daquela praia com o olho. E criança sendo encaminhada direto. Mas é todo mundo caladinho, ninguém fala nada. Com medo de quê? Do turismo!”, afirmou.
A denúncia, feita apenas em forma de testemunho, sem a apresentação de documentos ou laudos médicos, reforça uma suspeita que paira sobre a cidade desde que o surto deixou 275 pessoas com lesões oculares e 12 em cegueira irreversível. À época, investigações de órgãos de saúde apontaram diferentes hipóteses — desde a presença de parasitas e moluscos até contaminações químicas ou biológicas — mas nenhuma conclusão definitiva foi alcançada. O episódio ficou conhecido nacionalmente como o “Mistério do Globo Ocular”.
As declarações do vereador levantaram dúvidas sobre a atualidade do problema, especialmente diante da ausência de dados recentes divulgados por autoridades de saúde. Enquanto pesquisadores defendem novos estudos para esclarecer o enigma, Manoel da Colônia acusa o silêncio de setores interessados em preservar a imagem turística da cidade. A fala reabre um debate sensível para a população de Araguatins, que convive com as memórias de um surto que marcou a região e continua cercado de incertezas.
