A troca de saberes é um dos grandes impulsionadores de desenvolvimento. Por meio da partilha experiências, conhecimentos técnicos e teóricos e mesmo do diálogo acerca de assuntos que compreendem determinadas áreas, novas ideias surgem e, com isso, diferentes soluções para questões vividas por pessoas em diferentes contextos.
Uma das questões que têm merecido atenção é a área das ciências agrárias. Com as mudanças climáticas que impactam a produção de alimentos, pensar alternativas que sejam sustentáveis para contornar os problemas que surgem torna-se cada vez mais necessário. E é justamente com o objetivo de conhecer técnicas agrárias que respeitem o meio ambiente e consigam responder às demandas de produção e formação profissional que dois professores moçambicanos desembarcaram no Campus Araguatins, do Instituto Federal do Tocantins (IFTO).
Aguinaldo Bagão e Brito Cumbane integram um grupo de 75 professores de Moçambique que realizam intercâmbio em 14 Institutos Federais do Brasil, entre eles o IFTO. A estadia na instituição faz parte da etapa presencial da 3ª Edição da Formação de Formadores Moçambicanos no eixo agrícola, que integra a Ação Simplificada para o Fortalecimento da Educação Profissional e Tecnológica de Moçambique (Bramotec).
No IFTO, os professores moçambicanos participam de diversas atividades práticas que visam a troca de conhecimentos em diferentes temas. O objetivo é contribuir para o desenvolvimento de competências técnicas e tecnológicas em áreas estratégicas a serem implementadas em seu país de origem.
Os intercambistas permanecerão na instituição por 15 dias e, para que este período seja bem aproveitado por eles, um grupo de professores do IFTO de Araguatins preparou um cronograma de aulas, que abordarão temas como agropecuária, mecanização agrícola, análise de solos, fertilização, processamento de alimentos, sistemas de irrigação e práticas educacionais.
Os dois intercambistas já chegaram ao campus e puderem conhecer as instalações da unidade, servidores e servidores com quem atuarão nesse período e já tiveram a oportunidade de realizar atividades práticas dos temas de interesse. O professor Brito Cumbane afirmou que as expectativas foram totalmente superadas. “Não esperávamos ter um acolhimento tão caloroso como o que estamos recebendo aqui no campus. Gostamos muito das condições climáticas que a região fornece, quase idêntica a de Moçambique, e por estarmos em uma zona meio rural que assemelha bastante com a do nosso país”, completou o intercambista.
Além das condições similares que o professor Brito comentou, o IFTO de Araguatins foi escolhido como uma das unidades de intercâmbio por contar com 36 anos de experiência nas ciências agrárias, além de possuir um quadro de professores e técnicos experientes nas áreas estratégicas que pretendem ser desenvolvidas naquele país.
O diretor-geral da unidade, Claudio Galvão, disse que a experiência representa um marco na trajetória da instituição. “A presença de Aguinaldo Bagão e Brito Cumbane destaca o nosso compromisso com a cooperação internacional e o desenvolvimento da educação técnico-profissional, oferecendo um ambiente qualificado para promover essa importante troca de conhecimentos”, destacou.
Ele comentou, ainda, que ao participar dessa etapa da formação dos professores moçambicanos, o IFTO reafirma seu papel como referência em ensino técnico e tecnológico, não apenas no Brasil, mas também em contextos globais. O objetivo é que a troca de experiências entre professores brasileiros e moçambicanos fortalece as competências de ambos os lados, promovendo o desenvolvimento de soluções inovadoras e a disseminação de boas práticas no setor agrícola.
A iniciativa é implementada pela Agência Brasileira de Cooperação (ABC), em parceria com o Conselho Nacional das Instituições da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica (Conif) e a Secretaria de Ensino Técnico-Profissional de Moçambique (SEETP), ligada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior de Moçambique. O objetivo é capacitar profissionais que atuam na agricultura familiar e no ensino técnico, contribuindo para a implementação de práticas mais sustentáveis e eficientes em Moçambique.
Histórico
Desde 2017, o Conif iniciou uma parceria estratégica com Moçambique, realizando missão de prospecção que consolidou uma cooperação internacional abrangente em educação profissional. O histórico de colaboração destaca-se pela formação de professores nos eixos de agricultura e mecanização agrícola (2017 e 2018); design de interiores (2019); e construção civil (2024).
Financiadas pela ABC e coordenadas pela Diretoria de Relações Internacionais do Conif, essas iniciativas mobilizaram mais de 20 instituições da Rede Federal. A parceria evoluiu para a participação do Conif em projetos estratégicos nas áreas de segurança alimentar, pesca e aquicultura, bem como no projeto Caminhos do Algodão, que visa estabelecer um centro de formação especializado nesse cultivo em Moçambique.
Em 2023, o Conif e a SEETP renovaram Protocolo de Intenções, ratificando o compromisso do Conselho com a cooperação Sul-Sul e com a política do governo brasileiro de integração com o continente africano.
