As indígenas venezuelanas da etnia Warao que estão refugiadas em Araguaína concluíram o primeiro curso profissionalizante ofertado pela Prefeitura na última sexta-feira, 10. Foram mais de 80 horas de capacitação e 11 mulheres, entre 16 e 65 anos, receberam o certificado de artesanato em feltro e peso de porta. A entrega do certificado, realizada no Centro de Geração de Renda, teve dança típica para agradecimento aos técnicos da Secretaria da Assistência Social.
“Desde pequena aprendi fazer muitas coisas e o curso deu aprendizagem para fazer coisas mais bonitas”, contou Carmen Riveiro, 37 anos, que era professora de Ensino Infantil em seu país e ajuda as conterrâneas no entendimento entre as línguas. Para ela, o curso será fundamental para a melhoria de vida das famílias. “Todos se ajudam e estamos trabalhando”.
A instrutora Maria Aysla explicou que a capacitação serviu para que as mulheres aprendessem novas técnicas. “Elas já sabiam costurar, são muito habilidosas. O que não tinham é o costume de trabalhar com cola quente e pedraria para ornamentação”. Para aproveitar esse talento, em 2022, outros cursos serão oferecidos para continuar ampliando o conhecimento, como bordado à mão e pintura.
Carinho e atenção
Maria conta ainda que o ambiente amigável criado durante o curso fez bem às mulheres. “Elas têm vontade de vender e não precisar ficar no sinal. São muito carentes, então ficaram na defensiva inicialmente. É preciso entender que elas não querem só roupa e comida. São seres humanos, querem conversar e são muito carinhosas”.
A atenção aos filhos também é grande. Por conta da tradição, as crianças com menos de seis anos precisam estar com as mães todo o tempo e cuidadores foram disponibilizados para que as mulheres pudessem se aplicar no curso. “Em todos os dias de aula nós oferecemos um café da tarde. Por vezes elas nem comem aqui e guardam em uma sacola para comer com os outros filhos em casa”.
Garantia de renda
O trabalho de capacitação faz parte de uma série de ações destinadas às famílias venezuelanas refugiadas em Araguaína, com o objetivo de garantir meios de geração de renda. As ações de acolhimento foram definidas pelo Comitê Municipal Consultivo de Assistência Emergencial, coordenado pela Secretaria da Assistência Social de Araguaína.
Também estão sendo realizadas ações para a garantia da segurança alimentar com a entrega de cestas básicas e verdes, acompanhamento das famílias por profissionais da saúde e assistentes sociais. Ainda houve a contratação dos venezuelanos chefes de família para atuar na limpeza e manutenção dos parques da cidade, podendo garantir a autonomia financeira. (Marcelo Martin / Fotos: Marcos Sandes)