Um dia após ser divulgada a decisão da Justiça Federal que institui o pagamento de multa diária no valor de R$ 5 mil, caso o lixo depositado no entorno do aeroporto de Belém não seja retirado pela prefeitura, equipes da Secretaria Municipal de Saneamento (Sesan) eram vistas trabalhando na limpeza de diversos pontos apontados pelo documento. Ainda assim, era possível ouvir queixas sobre a ação municipal em locais específicos.
Na rodovia dos Trabalhadores, esquina com Júlio César, na curva do condomínio CristalVille, bem como no canal São Joaquim, próximo ao aeroporto, a ausência de lixo espalhado e entulho amontoado apontavam a recente limpeza. Mas bastou sair da rota tradicional para perceber que muito ainda precisa ser feito.
Próximo à parada final da linha que faz o trajeto Marex-Centro, na rua São Clemente, a população denuncia o problema que salta aos olhos. Galhos, entulhos e uma variedade de sacolas plásticas favorecem a proliferação de insetos e trazem vizinhos indesejados. “Sempre tem urubu por aqui circulando”, afirma Manoel Santana morador da área que faz fronteira com as terras da Aeronáutica.
“Aqui recentemente a população se uniu e pagou para uma máquina tirar o lixo que se acumulava. O caminhão de lixo diz que passa três vezes por semana, mas na verdade vem uma vez e nem leva o lixo todo. É um absurdo a gente ter que pagar por uma obrigação da Prefeitura”, denuncia Luiz Otávio da Silva que mantém uma banca de venda de DVDs na esquina da passagem Pratinha via de acesso à rua da Yamada, bem no local de acúmulo de lixo. “Eu mesmo dou uma juntada, porque fica tudo espalhado e impede o nosso trabalho”, conta.
Os motoristas que trafegam constantemente pelo local são unânimes nas queixas, mas discordam em relação aos responsáveis pelo problema. Eles contam que o trânsito chega a ficar comprometido devido ao acúmulo de lixo que em determinadas situações ocupam boa parte da via. “A Prefeitura demora na coleta. Onde eu moro, ela passa regularmente, mas aqui não. O lixo fica aí durante dias. Acho justa a decisão da justiça. Tem que pagar mesmo”, argumenta Luiz Eduardo Mesquita.
Mas o companheiro de trabalho, Max Oliveira, aponta outro problema. “Não é defendendo a Prefeitura não, mas a população é a maior culpada. Às vezes, o caminhão acabou de fazer a coleta, eles vêm e enchem tudo. Tem de tudo nesse lixo. É um problema sério, já que urubu aqui nessa área é perigoso para os aviões”, lembra.
SESAN
A Prefeitura, através da Sesan, afirmou que ainda não recebeu a notificação da Justiça Federal que estipula o pagamento da multa ao prefeito de Belém e aos secretários municipais de Saneamento e Meio Ambiente em caso de descumprimento da ação. Mas informou que a decisão será cumprida. Segundo o secretário de Saneamento, Ivan Santos, a limpeza do entorno do aeroporto já acontece diariamente e sempre no turno da noite.
Dos 62 pontos críticos do entorno, o secretário afirma que restam somente três. “Ainda existem 11 pontos que exigem cuidados acentuados, mas pontos críticos são 3 – Rua Bagé, Canal São Joaquim e Rua São Clemente. A partir de segunda feira (hoje) estaremos reformulando a logística da cidade para que possamos passar nesses locais mais de uma vez por dia”, garantiu o secretário, que apontou como aliada no processo a instalação de uma Câmara de Monitoramento no canal São Joaquim. “Em um mês foram 22 autuações, chegamos a 4 por dia. O objetivo não é o constrangimento, mas a educação socioambiental e isso leva tempo”, disse. (Diário do Pará)
