Começa na próxima quinta-feira, 21, no Fórum de Parauapebas, o julgamento do pecuarista Alessandro Camilo de Lima, o Macarrão; Francisco de Assis Dias, o Magrão; Florentino de Sousa Rodrigues, o Minego; Graziela Barros Almeida; e Pedro Ribeiro Lordeiro. Todos são acusados pelo Ministério Público Estadual de terem matado a comerciária Ana Karina Matos Guimarães, ocorrido no dia 10 de maio de 2010, por volta das 19h, fato ocorrido às proximidades do Clube City Park, em Parauapebas. O corpo da vítima, que estava grávida de nove meses, nunca foi encontrado.
O julgamento será presidido pelo juiz Líbio Araújo Moura, titular da 3ª Vara Penal da Comarca de Parauapebas, a partir das 8h30. A Reportagem apurou que a área do Fórum deverá ser cercada e o trânsito desviado no dia do júri popular. Além disso, há espaço limitado para as pessoas que desejarem acompanhar o julgamento. De acordo com a denúncia ofertada pelo MP, o acusado Alessandro Camilo de Lima manteve um relacionamento amoroso com a comerciária Ana Karina, com quem saiu algumas vezes em 2009, engravidando-a. Após a gravidez, a vítima passou a cobrar o pai da criança para auxiliar nos cuidados com a gravidez, no reconhecimento da paternidade do bebê e com os custos do parto que ocorreria aproximadamente em nove ou dez dias.
Ainda de acordo com o MP, Ana Karina queria que Alessandro Camilo pagasse R$ 6 mil para que o parto fosse realizado em um hospital particular e alegava que poderia revelar o caso à noiva do acusado, a também denunciada Graziela Barros de Almeida. O relacionamento entre Ana Karina e Alessandro Camilo era conhecido por poucas pessoas, entre elas a mãe da vítima, Maria Iris Guimarães.
Ainda segundo o que foi apurado pela polícia e compõe a denúncia do MP, nos dias anteriores à morte Ana Karina manteve contatos telefônicos com Alessandro Camilo, cobrando uma solução para o caso. Alessandro então decidiu acabar com a vida da ex-namorada, contando para isso com o apoio dos demais réus. No dia da morte ele marcou um encontro com a vítima na esquina da Rua C com Rua 4, local em que eles haviam se encontrado outras vezes. Acontece que na saída para o encontro, por volta das 19h, a vítima foi seguida sem perceber, por sua mãe, até quando entrou no veículo tipo Toyota Hilux de Alessandro. Essa foi a última vez em que Karina foi vista. O MP acredita que o acusado teria atraído a vítima para um espaço ermo às imediações do Detran e do clube City Park, onde já se encontravam Magrão e Minego.
Pela apuração feita pela Polícia Civil e aprofundada pela promotoria, Magrão seria o pistoleiro responsável pela morte e Florentino teria auxiliado na ocultação do cadáver. De acordo com as investigações, o primeiro receberia R$ 5 mil e o segundo R$ 15 mil em carnes oriundas das fazendas de Alessandro Camilo. A Polícia acredita que no momento em que o casal chegou ao local, Francisco sacou uma pistola 380 mm, cedida por Pedro Lordeiro a Alessandro, e alvejou diretamente a vítima com quatro ou cinco disparos. Em seguida, o trio colocou o corpo da vítima em um tonel levado pelo acusado Alessandro na caçamba de seu veículo.
De acordo com o MP, o corpo de Ana Karina foi colocado nesse tonel, ao qual foram acrescentadas 70 kg de pedra e, em seguida, jogado da ponte do Rio Itacaiúnas. O Ministério Público afirma que a motivação do crime seria a intenção de Alessandro em não pagar pensão alimentícia à criança aguardada por Ana Karina, além de evitar que o conhecimento da situação abalasse o relacionamento que mantinha com a denunciada Graziela Barros. Os promotores afirmam na denúncia, entretanto, que Graziela Barros sabia detalhes acerca do modo de execução e da forma de ocultação do cadáver. Ela teria, inclusive, revelado isso quando saía da cidade, dias após o crime, sendo levada por Florentino Sousa até Curionópolis. Já o réu Pedro Lordeiro é acusado de auxiliar nos crimes, com a cessão da arma e, depois, guardando o objeto.
Durante as investigações, a Polícia Civil ouviu 26 testemunhas e o inquérito, aberto por portaria, reuniu seis volumes, cada um com aproximadamente 200 folhas. Ainda durante esse período foram colhidos os interrogatórios de todos os denunciados, requisitadas perícias em celulares, bilhetes, cápsulas e do veículo apontado como tendo sido utilizado no dia do crime.
O caso se assemelha ao de Eliza Samudio. No próximo dia 4 de março ocorre em Belo Horizonte outra uma etapa do julgamento dos acusados de matarem a jovem e ocultarem o cadáver. O primeiro júri do caso, no ano passado, resultou na condenação do réu Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão, braço direito do goleiro Bruno, e de Fernanda Gomes de Castro, ex-namorada do jogador. Agora será a vez de Bruno ser julgado, além de sua ex-mulher, Dayanne Rodrigues.
Conforme a denúncia do MP, também em 2010, Eliza foi levada à força do Rio de Janeiro para um sítio do goleiro, em Esmeraldas (MG), onde foi mantida em cárcere privado. Depois, a vítima foi entregue para o Bola que a asfixiou e desapareceu com o corpo, até hoje não encontrado. O filho da modelo foi encontrado com desconhecidos em Ribeirão das Neves (MG). (Luciana Marschall – Correio Tocantins)




