Cerca de 150 famílias Sem Terra ligadas ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) ocuparam na madrugada de sábado, 2, a fazenda a fazenda Santa Hilária localizada no município de Araguatins, na região do Socó.
Após a ocupação, os sem terra foram surpreendidos por pistoleiros que entraram em confronto com os sem terra. Um sem terra ficou ferido, foi socorrido e não corre risco de morte. As famílias estão na área ocupada, onde pretende permanecer até o INCRA resolver a situação. Segundo os camponeses, a área pertence à União e foi grilada pelo fazendeiro paulista Lund Antônio Borges.
A direção do MST alerta que há um clima de tensão tanto na localidade da ocupação como em toda região do Bico do papagaio. O movimento afirma ainda que mesmo diante destes episódios, não luta deve ser cada vez mais intensificada.
Os sem terra que estão participando dessa luta, são famílias camponesas provenientes dos acampamentos Carlos Mariguela, de Agustinópolis; Irmã Dorithy, em Buriti do Tocantins e Santa Maria, em Carrasco Bonito, que foram expulsas da terra pelo o GETAT e pelos latifundiários da região do Bico do Papagaio e hoje em meio à imensidão de terra apropriada de forma irregular estão sem alternativa de acesso a terra.
O MST afirma ainda que a fazenda Santa Hilária tem um histórico totalmente emblemático que há muito tempo já deveria ter sido resolvido. Não é a primeira vez que episódios deste tipo acontece na luta pela Fazenda Santa Hilário. A situação se assemelha ao que aconteceu em agosto de 2007 e abril de 2009 conforme descrito abaixo:
Histórico
Desde de 2002 a fazenda Santa Hilária vem sendo reivindicada por trabalhadores Rurais Sem Terra.
Em agosto de 2004, o Grupo Móvel de Fiscalização do Ministério do Trabalho e Emprego resgatou da fazenda 13 pessoas de uma mesma família vivendo em condições degradantes, entre elas havia três menores. Foram libertados também seis trabalhadores em condições de escravidão.
Em agosto de 2007 a fazenda Santo Hilária foi cenário de um conflito entre Sem Terra, pistoleiros e policiais militares, o que acabou ocasionando a morte do lavrador José Reis, de 25 anos. Até o momento, as circunstâncias e autoria do crime não foram esclarecidas.
Em 02 abril de 2009, o acampamento Alto da Paz, localizado ao lado da fazenda Santo Hilário, sofreu um atentado. Por volta das 12h, três pessoas em um carro realizaram cerca de cinco disparos com arma de fogo contra o acampamento, Um dos tiros atingiram um sem terra no braço. No dia seguinte, as 100 famílias acampamento foram violentamente despejadas.
Durante a ação, trabalhadores foram presos e uma pessoa foi agredida. Os policiais realizaram disparos e casas foram danificadas. Foi a terceira ação de despejo sofrida pelos acampados, que estão neste momento morando no pátio da sede do INCRA, em Araguatins.
As famílias que residiam às margens da fazenda Santo Hilário há mais seis anos e desenvolviam atividades produtivas, (como roças e casa de farinha), enquanto aguardavam o desdobramento sob a disputa de domínio da área entre INCRA, o fazendeiro e o Instituto de Terras do Estado do Tocantins (ITERTINS). O processo está no Supremo Tribunal Federal.