O número de crimes cometidos por policiais militares em Belém começou a assustar os moradores da capital. Segundo a promotoria de Justiça Militar, 22 PMs foram afastados da corporação somente este ano, e respondem processos por envolvimento em condutas irregulares.
Na última quarta-feira, 8, o soldado Sérgio Bastos da Silva tentou assaltar um carro dos Correios, em Ananindeua. O policial foi surpreendido por uma viatura da Polícia Militar e trocou tiros com os colegas de corporação. Um deles foi atingido no braço.
Insegurança
Em agosto de 2013, Rodrigo Almeida da Cunha, de 28 anos, foi assassinado por policiais com um tiro na cabeça. “A gente está convivendo com essa dor, nós não perdemos um filho e sim um pedaço da gente, uma parte da nossa vida”, contou Cleidioneth Cunha, mãe da vítima.
O pai de Rodrigo, Ronaldo Cunha, levou o caso à Justiça, questionando o motivo pelo qual o policial atirou em seu filho. “O PM disse que o meu filho recebeu ele com uma arma na mão, o que é mentira, e que entre a vida do meu filho e a dele, ele preferia a dele”, afirmou.
Segundo o promotor da Justiça Militar, Armando Brasil, o Ministério Público tem o dever de acompanhar os PMs. “A sociedade tem que sentir segurança nos policiais. A partir do momento que ela não se sente segura é melhor que o policial seja afastado, para que o processo tenha uma busca da verdade real, sem a intimidação por parte do policial militar”.
Nesta semana, um outro caso chamou atenção da população. O cabo da Polícia Militar Antônio Cabral foi preso em flagrante por ter se apropriado do celular do comissário de bordo morto na última sexta-feira (3), no bairro da Campina, em Belém. O policial havia feito ocorrência do crime.
Policiais pedem atenção
O vice-presidente da Associação de Cabos e Soldados do Pará, Manoel Campelo, diz que o policial trabalha paralelamente à bandidagem. “O policial sabe onde o bandido está. Então é muito propício para ele se bandiar para o outro lado”.
Para o cabo da Polícia Militar, falta mais atenção e qualificação para a categoria. “Não adianta comprar armamento, colete e viaturas, não é só isso que a segurança pública precisa. O ser humano que precisa [receber investimento], para que ele possa dar bons resultados à sociedade” afirmou o cabo João Bandeira.
A assessoria de comunicação da Polícia Militar informou que vai ampliar os serviços com a admissão de novos profissionais, prevista em concurso ainda este ano, para o Centro Integrado Psicossocial, que envolve o atendimento de assistência social e psicologia aos policiais militares.




