Indígenas da etnia Krahô se recusam a deixar a fazenda Planeta, em Lagoa da Confusão, mesmo após decisão da Justiça que deu um prazo de 30 dias para a reintegração de posse. A cidade fica a 350 km de Palmas, no sul do estado. A propriedade foi invadida há um mês, quando cerca de 50 indígenas ocuparam a área alegando que não têm para onde ir.
A fazenda, localizada às margens do rio Formoso, tem cerca de 50% de área preservada. A propriedade tem aproximadamente 11 mil hectares e pertence ao empresário Everardo Telles, que era presidente do grupo Ipyóca. Ele diz que a área é usada para produção agrícola e criação de gado. “Cerca de 50 % é para reserva e 50% de área plantada com capim quicuio e quatro mil cabeças de gado”, explica.
Usando flechas e facões eles não deixam ninguém passar da porteira da fazenda, para dentro da propriedade. Eles reivindicam a desapropriação da área que alegam ter direito há décadas. “Antes de 1950 o meu bisavô já morava nessa região. Quando os fazendeiros vieram tiraram ele daqui. Estamos aqui hoje para lutar pacificamente, porque até o momento não ameaçamos ninguém, mas já vieram aqui nos ameaçar”, argumenta o vice-cacique Krahô, Davi Reis.
Aloísio Monteiro, supervisor das fazendas do grupo Agropaulo, aponta os prejuízos. “Os animais estão morrendo. Eles [os indígenas] não estão nos deixando fazer o remanejamento. Tem 4,5 mil bois aí e estão caindo. Fora o que eles mataram e levaram a carne salgada para vender lá fora”, acusa.
Mesmo com a decisão judicial para que os indígenas deixem a área no prazo de 30 dias, eles não estão dispostos a deixar o local, enquanto não houver uma solução definitiva para o problema, por parte da Fundação Nacional do Índio (Funai).
“Eu sou uma índia Gudarajara. Estamos aqui e vamos permanecer aqui. Daqui para frente nós não vamos. Se vier alguém [tentar nos tirar daqui] pode vir que nós estamos aguardando”, diz a indígena Marta Gudarajara. (G1 TO. Foto: Reprodução/TV Anhanguera).




