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sábado, dezembro 6, 2025
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PARÁ: Energia abre perspectivas de desenvolvimento

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O Brasil está preparado para gerar a energia elétrica necessária para crescer 5% ao ano, pelos próximos dez anos? Esta pergunta motivou os debates da manhã desta quinta-feira, 29, do seminário “Energia e desenvolvimento”, que acontece até sexta-feira, 30, no Hangar – Centro de Convenções e Feiras da Amazônia, promovido pelo Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará (Idesp), em cooperação com a Secretaria de Estado de Desenvolvimento, Ciência e Tecnologia (Sedect).

Na abertura do seminário, o presidente do Idesp, José Raimundo Trindade, destacou que é impossível pensar em desenvolvimento sem energia, e que o Pará, com extraordinário potencial de geração, tem também demandas extraordinárias, daí a oportunidade do seminário.

O vice-governador do Pará, Odair Correa, ressaltou a urgência desse debate, “pois é hora de somar a inteligência amazônica às ações, para melhorar a qualidade de vida de nosso povo, extremamente necessitado”.

Odair Correa também destacou um inovador trabalho de pesquisa e desenvolvimento de pequenas turbinas realizado por três cientistas de Santarém, “cuja eficácia já foi demonstrada, mas que não despertou maiores interesses no Brasil, a despeito de ter ganho um prêmio internacional em Dubai, em 2008”. “Há um país africano interessado no projeto, o que serve de exemplo da necessidade do debate de hoje e também de outras questões e potencialidades envolvendo a geração de energia elétrica”.

O secretário estadual de Desenvolvimento, Ciência e Tecnologia (Sedect), Maurílio Monteiro, foi um dos quatro palestrantes da manhã desta quinta-feira. Ele abordou o tema “Energia e desenvolvimento: dilemas decorrentes da industrialização tardia em uma região nacionalmente periférica”.

O secretário explicou que as ações do governo do Estado no sentido de impulsionar desenvolvimento se dão a partir de três centros regionais, que produzem sinergias entre si e as demais cidades do entorno: Marabá, Santarém e Região Metropolitana de Belém.

Maurílio Monteiro destacou algumas obras como parte do impulso ao desenvolvimento, à integração e à sinergia entre os centros: as eclusas de Tucuruí, a hidrovia do Tocantins, melhorias no porto de Vila do Conde, a construção de um porto público em Marabá, o asfaltamento de rodovias importantes, a construção de parques de ciência e tecnologia (em Belém, Marabá e Santarém), a construção e revitalização de distritos industriais, de terminais hidroviários em mais de vinte municípios, de um terminal de contêineres em Belém, de aeroportos em Marabá e Santarém, a luta por novas universidades, e obras de infraestrutura já incluídas ou em estudo para inclusão no PAC 2, como a construção de uma ferrovia ligando Marabá a Barcarena.

“O porto público em Marabá, por exemplo, fará com que toda a infraestrutura que se constrói sirva tanto a grandes empresas, como a pequenos produtores, beneficiando igualmente as cidades do entorno e também as que ficam entra Marabá e o porto de Vila-do-Conde”, destacou o titular da Sedect.

Investimentos

Maurílio Monteiro afirmou que o governo paraense trabalha com a projeção de que serão investidos no Estado, entre 2011 e 2014, R$ 109 bilhões. A grande maioria destes recursos será destinada à geração de energia (R$ 37 bilhões) e à mineração (R$ 41 bilhões).

“Os investimentos, de certa forma, estão concentrados, e assim evidenciam os dilemas de que trata a minha apresentação: a indústria do Sudeste, muito mais evoluída, é competitiva para absorver a energia gerada em Belo Monte, por exemplo, bem como beneficiar parte do minério aqui produzido. Ou seja: se transformamos numa equação nossas potencialidades e dificuldades, veremos que o grande dilema (de sermos periféricos, com uma industrialização tardia) é que não temos, ainda, as condições de concretizar nossas próprias potencialidades: a ‘boca do jacaré’ não fecha no Pará, mas no Sudeste, onde a energia vira produtos industrializados”, disse Maurílio.

O titular da Sedect afirmou ainda que o Pará não tem controle sobre a moeda, não controla os juros, não tem influência decisiva no direcionamento de investimentos: “Portanto, não é apenas uma questão de economia, mas de política industrial: e é isso que fazemos no Pará: criamos uma ambiência para os negócios, tanto que a Vale construirá a Alpa em Marabá e o grupo Aço Cearense construirá o projeto Aline, para usar o aço laminado da Alpa na produção de aço galvanizado. Em Marabá, fechamos a ‘boca do jacaré’ entre energia e mineração: mas com energia produzida a coque.”

Maurílio Monteiro disse que desenvolver o Pará, compensar a industrialização tardia, precisa ser um projeto de nação. “Quanto à pergunta se é possível gerar a energia para crescer 5% nos próximos anos, minha resposta é sim: temos a potencialidade e a capacidade.”

O segundo palestrante da manhã desta quinta-feira, José Maria Mendonça, da Federação das Indústrias do Pará, acha que não é possível gerar essa energia, “porque isso requer uma infraestrutura gigantesca, que não somos capazes de implementar no curto prazo”.

Eficiência energética

José Maria diz que Belo Monte, por exemplo, terá a capacidade de geração reduzida, como forma de dirimir os danos ambientais. “Não estou dizendo que sim, ou que não, mas é preciso que avaliemos a seguinte questão: a única forma de armazenar energia é guardando água. Como se reduziu drasticamente o tamanho do reservatório de Belo Monte, é preciso avaliar as consequências. Uma das formas de corrermos atrás do prejuízo da industrialização tardia, como tratou o Maurílio, é por meio da ciência, com pesquisa para compensar certas disparidades e ações.”

Gesmar Rosa dos Santos, pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), falou que há muitas variáveis para que se possa responder à pergunta sobre a capacidade de gerar energia para crescer 5% ao ano: “Depende, por exemplo, do tipo de atividade que será desenvolvida, como forma de promover o crescimento”.

O pesquisador destacou que uma questão central será a capacidade de gestão, ou a “coordenação” do processo: “Como serão direcionadas as políticas públicas, como será administrada, por exemplo, a energia que pode advir do pré-sal e de outras fontes”.

Uma questão fundamental, para Gesmar Rosa, é a eficiência energética: “Pesquisas indicam que, em quase todas as atividades de geração de riqueza (exceto na fundição), é mais barato investir na eficiência (produzir mais com menos energia) do que na geração de energia propriamente dita. E aí entram políticas públicas: incentivos, por exemplo, para que se desenvolvam ou adquiram equipamentos para promover a eficiência, em vez de investir apenas na geração.”

O último palestrante da manhã, o professor da Universidade Federal João Tavares Pinho, também diretor do Grupo de Estudos e Desenvolvimento de Alternativas Energéticas, afirmou que “não estamos preparados para gerar a energia elétrica necessária para crescer 5% ao ano, mas temos as potencialidades.”

Para tanto, destacou o professor, é necessário investir não apenas em hidrelétricas, “para as quais temos um potencial extraordinário, que deve e precisa ser usado”, mas também em energias alternativas, como eólica e fotovoltaica.

O seminário “Energia e Desenvolvimento” continuou com discussões à tarde e encerrará na manhã de sexta-feira, 30, com dois painéis. Na abertura, esteve presente também o presidente da Sudam, Djalma Bezerra Melo, entre outras autoridades. (Edson Coelho)

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