Fiscais do Ibama apreenderam 27,7 toneladas de ferro gusa em Marabá, sudeste paraense. O material era fabricado pela Sidepar Siderurgia do Pará, a partir de carvão ilegal. A siderúrgica, a maior do setor no ranking paraense, também teve seu acesso ao Sisflora bloqueado e foi multada em R$ 38 mil. Até a suspensão da sanção pelo Ibama, a indústria está impedida de adquirir produtos florestais.
A apreensão aconteceu no sábado, 27, mas antes disso, na quarta-feira, 24, a Sidepar foi flagrada inserindo dados falsos no Sistema de Comercialização e Transporte de Produtos Florestais (Sisflora), ao confirmar a chegada na empresa de dois caminhões carregados com 170 metros de carvão e receber o crédito correspondente.
Os veículos e o carvão, no entanto, estavam apreendidos pelo Ibama. Dias antes, eles foram retidos por falta de licença para o transporte de carga perigosa e por estar em desacordo com a autorização para transporte florestal, e nunca poderiam ter descarregado na siderúrgica.
‘O carvão que entrou na Sidepar era irregular. Ela recebeu um produto fabricado com a destruição da floresta amazônica como se fosse o legalizado. Se os caminhões com as cargas legais não entraram no pátio, então, ela fraudou o sistema de controle estadual’, explica o coordenador da Corcel Negro, Paulo Maués.
Segundo Maués, ficou comprovada a falta de rigor da Sidepar quanto à origem do carvão que utiliza. ‘O carvão ilegal é um dos vetores do desmatamento. Um grande consumidor do produto como o setor siderúrgico precisa ter controle sobre seus fornecedores, sob o risco de queimar a floresta amazônica para alimentar seus fornos’, diz ele.
O ferro gusa apreendido pela Corcel Negro corresponde a 60 metros do total inserido irregularmente pela Sidepar no Sisflora, já que para cada tonelada de gusa produzido se utiliza 2,2 metros de carvão. O ferro gusa equivalente aos outros 110 metros serão retidos pelo Ibama na segunda-feira, 29. ‘A empresa usou carvão de desmatamento para produzir esse ferro gusa, logo ele não tem origem legal. É fruto de um crime ambiental’, afirma Maués.
Corcel Negro- A ação começou na segunda, 22, com cerca de 220 fiscais do Ibama. Ela é a maior ação de combate à produção, o transporte e o consumo ilegal de carvão já organizada no país. Os alvos da ‘Corcel Negro’ se espalham pelos principais estados produtores e consumidores de carvão irregular: Pará, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Goiás, Distrito Federal, Tocantins, Piauí, Maranhão, Bahia, Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina, São Paulo e Mato Grosso do Sul.
A operação Corcel Negro conta com o apoio da Polícia Rodoviária Federal, do Ministério do Desenvolvimento Social, Eletrobrás, Eletronorte, Furnas e Promotorias Estaduais e Municipais.




