Dos cerca de dois mil médicos em exercício no Tocantins, 35% estão atuando na Capital e 65% do total de médicos no Estado atendem no Sistema Único de Saúde (SUS). Esse é o resultado da pesquisa Demografia Médica no Brasil: Cenários e indicadores de distribuição, desenvolvida em parceria entre Conselho Federal de Medicina (CFM) e o Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp). Os dados divulgados mostram que 1.182.379 tocantinenses moradores de cidades interioranas são assistidos por 1.249 médicos. Neste conjunto de municípios, a razão de médicos por mil habitantes é de 1,06. Por outro lado, a Capital tem um índice de 2,89 médicos para cada mil habitantes.
“A distribuição desigual resulta na concentração de médicos nas capitais e, em detrimento, os interiores acabam ficando desassistidos”, disse Pedro Nader, do Conselho Regional de Medicina do Tocantins (CRM-TO). Nader considerou a quantidade de profissionais no Tocantins boa. Entretanto, ele avaliou como inadequada a distribuição dos profissionais pelo estado.
Nader disse que para a mudança acontecer “é preciso adotar uma política de fixação de médico no interior para assim diminuir a distorção”. Ele destacou que entre os indicativos de mudanças estão a valorização do profissional, melhorias dos vínculos empregatícios e implementação dos planos de carreiras e vencimentos, pois sem esse diferencial os profissionais não são incentivados a permanecer no interior.
Dificuldades
A grande demanda para poucos profissionais é a realidade em que vivem os 9.148 habitantes de Sítio Novo, a 600 km de Palmas. Segundo o prefeito do município, Antonio Jair Abreu Farias, a cidade tem uma grande dificuldade de contratar médicos. Atualmente Sítio Novo tem apenas sete médicos, que atuam somente no SUS. “A nossa carência de profissional é grande, pois o município não tem condição de pagar os salários que os médicos pedem.” Ele acrescentou que os casos mais complexos são encaminhados para o Hospital Regional de Augustinópolis.
Em Palmas, a dificuldade seria em relação aos médicos especialistas, conforme informou o secretário de saúde de Palmas, Walter Balestra. “A dificuldade que temos é falta dos supraespecialistas, pois os que têm na região não se interessam em trabalhar pelo SUS.” Em contrapartida, Balestra disse que o número de clínicos gerais em Palmas é proporcional à demanda na Capital. Ele explicou ainda que a falta de médico nas unidades relatadas pela comunidade é causada por licenças médicas. “O pagamento destes profissionais é feito por renda tripartite, no qual este convênio impede a substituição”, relatou.




